quinta-feira, 13 de maio de 2010

Bento XVI: No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Queridos irmãos e irmãs, adorai Cristo Senhor em vossos corações (cf. 1 Ped 3, 15)! Não tenhais medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais da fé, fazendo resplandecer aos olhos dos vossos contemporâneos a luz de Cristo. A oração do Terço permite-nos fixar o nosso olhar e o nosso coração em Jesus, como sua Mãe, modelo insuperável da contemplação do Filho.

 
Pope Benedict XVI leads the Rosary at the Chapel of the Apparitions
 in Fatima's Sanctuary on May 12, 2010. Up to 500,000 are expected to 
attend the mass in the sanctuary's esplanade early Thursday, when 
Benedict will mark the 93rd anniversary of the Virgin Mary's apparitions
 to three shepherd children. The incident in 1917 led to the founding of
 the shrine, one of Christianity's most popular. 

Pope Benedict XVI leads the Rosary at the Chapel of the Apparitions
 in Fatima's Sanctuary on May 12, 2010. Up to 500,000 are expected to 
attend the mass in the sanctuary's esplanade early Thursday, when 
Benedict will mark the 93rd anniversary of the Virgin Mary's apparitions
 to three shepherd children. The incident in 1917 led to the founding of
 the shrine, one of Christianity's most popular. 

 

Discurso do Papa na bênção das velas


Na esplanada do Santuário de Fátima

FÁTIMA, terça-feira, 12 de maio de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, o discurso do Papa na bênção das velas, realizada hoje na esplanada do Santuário de Fátima.
* * *
Queridos peregrinos,
Todos juntos, com a vela acesa na mão, lembrais um mar de luz à volta desta singela capelinha, amorosamente erguida em honra da Mãe de Deus e nossa Mãe, cujo caminho da terra ao céu foi visto pelos pastorinhos como um rasto de luz. Contudo nem Ela nem nós gozamos de luz própria: recebemo-la de Jesus. A sua presença em nós renova o mistério e o apelo da sarça ardente, o mesmo que outrora atraiu Moisés no monte Sinai e não cessa de fascinar a quantos se dão conta duma luz particular em nós que arde sem nos consumir (cf. Ex 3, 2-5). Por nós, não passamos de mísero silvado, sobre o qual pousou a glória de Deus. A Ele toda a glória, a nós a humilde confissão do próprio nada e a submissa adoração dos desígnios divinos que estarão cumpridos quando «Deus for tudo em todos» (cf. 1 Cor 15, 28). Serva incomparável de tais desígnios é a Virgem cheia de graça: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).
Queridos peregrinos, imitemos Maria, fazendo ressoar em nossa vida o seu «faça-se»! A Moisés, Deus ordenara: «Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é terra sagrada» (Ex 3, 5). E ele assim fez; calçará de novo as sandálias, para ir libertar o seu povo da escravidão do Egipto e conduzi-lo à terra prometida. Não se trata simplesmente da posse dum pedaço de terreno ou dum território nacional que cada povo tem o direito de ter; na luta pela libertação de Israel e no seu êxodo do Egipto, o que aparece primeiro é sobretudo o direito à liberdade de adoração, à liberdade de um culto próprio. No decorrer da história do povo eleito, a promessa da terra acabou por assumir cada vez mais este significado: a terra é dada para que haja um lugar da obediência, para que exista um espaço aberto a Deus.
No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Queridos irmãos e irmãs, adorai Cristo Senhor em vossos corações (cf. 1 Ped 3, 15)! Não tenhais medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais da fé, fazendo resplandecer aos olhos dos vossos contemporâneos a luz de Cristo, tal como a Igreja canta na noite da Vigília Pascal que gera a humanidade como família de Deus.
Irmãos e irmãs, neste lugar é impressionante observar como três crianças se renderam à força interior que as invadiu nas aparições do Anjo e da Mãe do Céu. Aqui, onde tantas vezes se nos pediu que rezemos o Terço, deixemo-nos atrair pelos mistérios de Cristo, os mistérios do Rosário de Maria. A oração do Terço permite-nos fixar o nosso olhar e o nosso coração em Jesus, como sua Mãe, modelo insuperável da contemplação do Filho. Ao meditar os mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos ao longo das «Ave Marias», contemplamos todo o mistério de Jesus, desde a Encarnação até à Cruz e à glória da Ressurreição; contemplamos a participação íntima de Maria neste mistério e a nossa vida em Cristo hoje, também ela tecida de momentos de alegria e de dor, de sombras e de luz, de trepidação e de esperança. A graça invade o nosso coração no desejo de uma incisiva e evangélica mudança de vida de modo a poder proclamar com São Paulo: «Para mim viver é Cristo» (Fil 1, 21), numa comunhão de vida e de destino com Cristo.
Sinto que me acompanham a devoção e o afecto dos fiéis aqui reunidos e do mundo inteiro. Trago comigo as preocupações e as esperanças deste nosso tempo e as dores da humanidade ferida, os problemas do mundo e venho colocá-los aos pés de Nossa Senhora de Fátima: Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe querida, intercedei por nós junto de vosso Filho para que todas as famílias dos povos, quer as que se distinguem pelo nome cristão quer as que ainda ignoram o seu Salvador, vivam em paz e concórdia até se reunirem finalmente  num só povo de Deus, para glória da santíssima e indivisível Trindade. Amém.
[© Copyright 2010 - Libreria Editrice Vaticana]