A Santa Missa como ação de graças
O núcleo da fé cristã se encontra no Credo dos Apóstolos, que oramos na
Santa Missa aos domingos e em dias de preceito. A essência da doutrina
que nós, cristãos, assumimos e atestamos se encontra nessa prece. Essa
afirmação de fé passou por elaborações mais explicativas nos Concílios
de Niceia (325 d.C.) e de Constantinopla (381 d.C.), e que hoje
conhecemos como o Símbolo Niceno-Constantinopolitano. Iniciamos essa
oração declarando que acreditamos “em um só Deus, Pai todo-poderoso,
criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis” – Credo in unum Deum, Patrem omnipotentem, factorem cæli et terræ, visibilium omnium et invisibilium.
Não há nada que temos que não nos foi dado por Deus [1]: foi Ele quem criou as matérias-primas que, graças à inteligência que Ele nos concedeu, transformamos em bens e serviços; foi Ele também que nos concedeu (e nos concede todos os dias) a capacidade de trabalhar, de construir, de produzir, de transformar a nossa realidade de maneira positiva. Devemos absolutamente tudo a Deus. Assim sendo, é uma questão de justiça agradecermos a Deus pelos dons que nos deu e dá. Como cristãos, devemos fazê-lo de maneira ordinária no nosso dia-a-dia, oferecendo todas as nossas obras à Santíssima Trindade e ordenando todas as coisas para dar maior glória a Deus. No entanto, essa disposição a oferecer tudo que fazemos a Nosso Senhor só existe quando participamos daquela que é a ação de graças por excelência: a Santa Missa.
Quando Cristo instituiu a Sagrada Eucaristia, ofereceu o pão e vinho a Deus em ação de graças [2]. O Catecismo da Igreja Católica explica melhor a simbologia desta oferta:
Não há nada que temos que não nos foi dado por Deus [1]: foi Ele quem criou as matérias-primas que, graças à inteligência que Ele nos concedeu, transformamos em bens e serviços; foi Ele também que nos concedeu (e nos concede todos os dias) a capacidade de trabalhar, de construir, de produzir, de transformar a nossa realidade de maneira positiva. Devemos absolutamente tudo a Deus. Assim sendo, é uma questão de justiça agradecermos a Deus pelos dons que nos deu e dá. Como cristãos, devemos fazê-lo de maneira ordinária no nosso dia-a-dia, oferecendo todas as nossas obras à Santíssima Trindade e ordenando todas as coisas para dar maior glória a Deus. No entanto, essa disposição a oferecer tudo que fazemos a Nosso Senhor só existe quando participamos daquela que é a ação de graças por excelência: a Santa Missa.
Quando Cristo instituiu a Sagrada Eucaristia, ofereceu o pão e vinho a Deus em ação de graças [2]. O Catecismo da Igreja Católica explica melhor a simbologia desta oferta:
Encontram-se no cerne da celebração da Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Fiel à ordem do Senhor, a Igreja continua fazendo, em sua memória, até a sua volta gloriosa, o que ele fez na véspera de sua paixão: “Tomou o pão...” “Tomou o cálice cheio de vinho...” Ao se tornarem misteriosamente o Corpo e o Sangue de Cristo, os sinais do pão e do vinho continuam a significar também a bondade da criação. Assim, no ofertório damos graças ao Criador pelo pão e pelo vinho, fruto “do trabalho do homem”, mas antes “fruto da terra” e “da videira”, dons do Criador. [3]
A própria palavra “eucaristia” significa “ação de graças” em grego (εὐχαριστία, eucharistia).
Na Santa Missa, não damos graças a Deus apenas pela bondade de Sua
criação, pelos dons materiais e espirituais concedidos a nós, mas
sobretudo pela morte redentora de Jesus Cristo, que derramou seu sangue
“por muitos homens em remissão dos pecados” [4]. Ao imolar-Se como agnus Dei,
Cordeiro de Deus [5], Cristo venceu restabeleceu entre Deus e o gênero
humano o caminho para que pudéssemos cumprir a vontade do Pai, receber
suas graças e, assim, participar da vida divina, que culmina na posse
eterna de Deus no Céu. Com seu sacrifício, Ele instaurou a lei do
Espírito de Vida, que nos libertou do pecado e da morte [6], colocados
no mundo por nossos primeiros pais quando desobedeceram a Deus [7]. E
mais: damos graças a Deus por Cristo prolongar miraculosamente a Sua
presença no meio de nós nas espécies eucarísticas do pão e do vinho.
É muito difícil que, durante as horas do dia, cheguemos a lembrar que nada do que temos foi obtido por nós de maneira exclusiva, e que tudo, absolutamente tudo o que temos nos foi dado por Deus. Esse esquecimento nos causa muitos prejuízos: alimenta o nosso orgulho, fazendo-nos pensar que podemos tudo por nós mesmos; aumenta o nosso apego aos bens materiais, transformando-os não em meio, mas em um fim em si mesmos; diminui a nossa capacidade de repartir o que temos com os que não têm, de ajudá-los a suprir suas carências, tanto materiais quanto espirituais. Além disso, não é uma infeliz ingratidão que nos esqueçamos de que, “como se não bastassem todas as outras provas da sua misericórdia, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Eucaristia para que pudéssemos tê-lo sempre junto de nós e porque – tanto quanto nos é possível entender –, movido por seu Amor, Ele, que de nada necessita, não quis prescindir de nós” [8]?
A assistência constante à Santa Missa, a meditação frequente na grandiosidade do sacrifício da Cruz e a gratidão a Deus pelo belíssimo mistério da Eucaristia são meios muito eficazes e seguros para que, rendendo graças à Trindade Beatíssima pelos dons que Deus nos dá e pelo sangue que Cristo derramou por cada um de nós, possamos adquirir consciência plena de que devemos tudo ao Criador. É necessário que, conhecendo e amando cada vez a Eucaristia, esforcemo-nos para prolongar a Santa Missa todas as horas de nossos dias, transformando nossa própria vida em ação de graças a Deus.
Maria Santíssima, Sedes Sapientiae, Sede da Sabedoria, conservava todas as coisas e as meditava em seu coração [9]. Peçamos a Ela que interceda por nós junto do Paráclito para que possamos, inspirados em seu exemplo, transformar nossas vidas em uma oblação agradável a Deus.
_______________________
Notas:
[1] 1Cor 4, 7.
[2] Lc 22, 17-19.
[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 1333.
[4] Mt 26, 28.
[5] Jn 1, 29.
[6] Rm 8, 2.
[7] Gn 3, 1-24.
[8] São Josemaria Escrivá. É Cristo que passa, n. 84.
[9] Lc 2, 19.
É muito difícil que, durante as horas do dia, cheguemos a lembrar que nada do que temos foi obtido por nós de maneira exclusiva, e que tudo, absolutamente tudo o que temos nos foi dado por Deus. Esse esquecimento nos causa muitos prejuízos: alimenta o nosso orgulho, fazendo-nos pensar que podemos tudo por nós mesmos; aumenta o nosso apego aos bens materiais, transformando-os não em meio, mas em um fim em si mesmos; diminui a nossa capacidade de repartir o que temos com os que não têm, de ajudá-los a suprir suas carências, tanto materiais quanto espirituais. Além disso, não é uma infeliz ingratidão que nos esqueçamos de que, “como se não bastassem todas as outras provas da sua misericórdia, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a Eucaristia para que pudéssemos tê-lo sempre junto de nós e porque – tanto quanto nos é possível entender –, movido por seu Amor, Ele, que de nada necessita, não quis prescindir de nós” [8]?
A assistência constante à Santa Missa, a meditação frequente na grandiosidade do sacrifício da Cruz e a gratidão a Deus pelo belíssimo mistério da Eucaristia são meios muito eficazes e seguros para que, rendendo graças à Trindade Beatíssima pelos dons que Deus nos dá e pelo sangue que Cristo derramou por cada um de nós, possamos adquirir consciência plena de que devemos tudo ao Criador. É necessário que, conhecendo e amando cada vez a Eucaristia, esforcemo-nos para prolongar a Santa Missa todas as horas de nossos dias, transformando nossa própria vida em ação de graças a Deus.
Maria Santíssima, Sedes Sapientiae, Sede da Sabedoria, conservava todas as coisas e as meditava em seu coração [9]. Peçamos a Ela que interceda por nós junto do Paráclito para que possamos, inspirados em seu exemplo, transformar nossas vidas em uma oblação agradável a Deus.
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Notas:
[1] 1Cor 4, 7.
[2] Lc 22, 17-19.
[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 1333.
[4] Mt 26, 28.
[5] Jn 1, 29.
[6] Rm 8, 2.
[7] Gn 3, 1-24.
[8] São Josemaria Escrivá. É Cristo que passa, n. 84.
[9] Lc 2, 19.