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O Papa comentou o “hino da caridade” (cap.13 da I Carta aos Coríntios), uma das Leituras da Missa deste IV domingo do Tempo Comum. “Paulo mostra o caminho da perfeição. Esta – diz – não consiste em possuir qualidades excepcionais: falar novas línguas, conhecer todos os mistérios, ter uma fé prodigiosa ou realizar gestos heróicos. Consiste, isso sim, na caridade – agapé – isto é, no amor autêntico, aquele que Deus nos revelou em Jesus Cristo. A caridade é o dom “maior”, que dá valor a todos os outros, e contudo ‘não se ufana, não se ensoberbece’, pelo contrário, ‘alegra-se com a verdade’ e com o bem alheio”.
Bento XVI recordou a sua primeira Encíclica “Deus caritas est”, que consta de duas partes, correspondentes aos dois aspectos da caridade: o seu significado e a sua aplicação concreta.
“O amor é a essência do próprio Deus, é o sentido da criação e da história, é a luz que dá bondade e beleza à existência de cada homem. Ao mesmo tempo, o amor é, por assim dizer, o estilo de Deus e do homem crente, é o comportamento de quem, respondendo ao amor de Deus, vive a própria vida como dom de si a Deus e ao próximo
Em Jesus Cristo, estes dois aspectos formam uma perfeita unidade: Ele é o Amor incarnado. Este Amor é-nos plenamente revelado no Cristo crucificado. Fixando n’Ele o olhar, podemos confessar com o apóstolo João: ‘Nós reconhecemos o amor que Deus tem por nós e acreditámos nele’.”
A concluir a alocução antes do Angelus, Bento XVI referiu-se aos santos, observando que a vida de cada um deles, na variedade dos dons espirituais e dos temperamentos humanos, constitui sempre um hino à caridade, um cântico vivo ao amor de Deus. Evocando São João Bosco, padroeiro dos jovens, cuja memória ocorre precisamente a dia 31 de Janeiro, o Papa confiou-lhe as intenções do Ano Sacerdotal em curso:
“Neste Ano Sacerdotal, desejaria invocar a intercessão de São João Bosco, para que os padres sejam sempre educadores e pais dos jovens. E para que, experimentando esta caridade pastoral, muitos jovens acolham o chamamento a dar a vida por Cristo e pelo Evangelho. Que Maria Auxiliadora, modelo de caridade, nos obtenha esta graça.
Depois da recitação das Ave-Marias, Bento XVI recordou ainda diversas ocorrências deste domingo. Antes de mais o Dia Mundial dos Doentes de Lepra. O Papa recordou o Padre Damião, que deu a sua vida por estes irmãos e irmãs, e que ele próprio canonizou em Outubro passado.
“À sua intercessão confio todas as pessoas que infelizmente ainda hoje sofrem por esta doença, como também os profissionais da saúde e os voluntários que se prodigalizam para que possa existir um mundo sem lepra”.
Bento XVI não esqueceu que neste domingo se celebra também a II Jornada de intercessão pela Paz na Terra Santa:
“Em comunhão com o Patriarca Latino de Jerusalém e com o Custódio da Terra Santa, uno-me espiritualmente à oração de tantos cristãos de todas as partes do mundo, ao mesmo tempo que saúdo de coração todos os que aqui se reuniram nesta circunstância”.
Finalmente, uma referência à “crise económica que está a causar a perda de numerosos postos de trabalho”. Referindo expressamente, a título de exemplo, o caso de duas fábricas italianas que estão para encerrar, lançando no desemprego numerosos trabalhadores, afirmou Bento XVI:
“Esta situação requer grande sentido de responsabilidade da parte de todos: empresários, trabalhadores, governantes… Associo-me ao apelo da Conferência Episcopal Italiana, que encorajou a que tudo se faça para tutelar e incrementar o emprego, assegurando um trabalho digno e adequado ao sustentamento das famílias".
No final da sua intervenção, uma menina da Acção Católica de Roma, que se encontrava ao seu lado, neste domingo, à janela dos seus aposentos, dirigiu ao Papa uma saudação em nome de todos os jovens participantes na "Caravana da Paz" que na manhã deste domingo convergiu para a Praça de São Pedro, libertando então três pombas brancas, para "dar a todos um sinal de esperança".
fonte:radio vaticano