“Quando celebrares ou assistires à missa, terá de parecer-te algo tão grande, tão admirável e tão jubiloso como se, nesse mesmo dia, Cristo estivesse descendo ao seio da Virgem Maria e fazendo-se homem, ou deixando-se suspender da cruz para sofrer e morrer pela salvação da humanidade” - Imitação de Cristo, IV, 2, 6
Na Santa Missa temos um Deus que se imola, um Deus que é imolado. Que cúmulo de mistérios! Entretanto, importa relembrar que o sacrifício da Missa é de valor infinito, para que ninguém se escuse de não ter encontrado o suficiente para si. É um mar inexaurível de graças e benefícios. Só quem bebe deste mar agrada a Deus; só quem assiste à santa Missa presta a Deus o sacrifício por ele aceito. Afora o sacrifício da Missa, nenhum outro pode ser agradável a Deus e proveitoso ao homem e tão proveitoso, que os santos do céu participam da sua glória, as almas do purgatório e os vivos da terra gozam superabundantemente dos seus benefícios. É que o sacrifício da Missa constitui o único holocausto verdadeiramente digno do Senhor, em que se sacrifica o Cristo sempre vivo para interceder em nosso favor. Aqui, como sobre a cruz, o Cristo se constituiu o vínculo vivo que nos une a Deus. No santo sacrifício da Missa, temos o ato em volta do qual gravita e dele se irradia o próprio sacrifício da Redenção. Sim, na santa Missa, aquele mesmo sacrifício, oferecido um dia sobre o Calvário, assume a condição como de coisa que ocupa a circunferência, como de um satélite gravitando em volta do sol, como de uma fonte viva que deságua no oceano. A Santa Missa é o centro, é o sol e é o oceano onde se concentra o próprio sacrifício do Calvário, ou melhor, a santa Missa torna continuamente presente o sacrifício do Calvário que é eterno, e ao mesmo tempo perpetuado no tempo, no céu perante Deus e na terra entre os homens; é o mistério da consumação de todos os desígnios de Deus, realizado um dia e renovado por todos os séculos até ao fim do mundo. É tendo presente o exposto que o sacerdote deve oferecer o tremendo ato religioso. Oxalá se aproximasse sempre para o futuro da ara sagrada do Senhor com estas disposições de alma que o dominam ao presente! Quem dera, pudesse comunicar e, comunicadas, conservar estas mesmas santas e invejáveis disposições nas almas de todos os assistentes ao santo e inefável sacrifício da Missa! Quisera, sim, que todos os cristãos se persuadissem de vez por todas ser o santo sacrifício da Missa o ato de religião mais necessário! É pois em torno do Sacrifício da Missa que se organiza a Igreja, Corpo Místico de Nosso Senhor. Em torno do Sacrifício da Missa viverá o sacerdote para edificar este corpo místico; pela pregação ele atrairá as almas para se purificarem nas águas do batismo e se tornarem dignas de participar do Sacrifício Eucarístico de Jesus, comunhão da divina Vítima e assim sempre se unir mais à Trindade Santa, inaugurando já aqui embaixo a vida celeste e eterna. É da Cruz também que a graça do casament, recebida no Sacrifício da Missa, construirá a Cristandade ou o reino social de Jesus crucificado, na família e na sociedade. A Cristandade é a sociedade vivendo à sombra da Cruz, da Igreja paroquial em forma de Cruz, com a Cruz na torre, abrigando o altar do Calvário renovado constantemente, onde as almas nascem para a graça e se mantêm pelo ministério dos padres que são outros Cristos. A Cristandade é o lugarejo, são as vilas, as cidades, o país que à imitação do Cristo na Cruz, cumprem a lei do amor sob a influência da vida cristã da graça. A Cristandade é o Reino de Jesus; as autoridades desta Cristandade se dizem “Tenentes de Jesus Cristo”, encarregados de fazer aplicar sua lei, de proteger a fé em Jesus Cristo e de ajudar por todos os meios seu desenvolvimento, sempre de acordo com a Igreja. Realmente pode-se dizer que todas as coisas boas da Cristandade vêm da Cruz de Jesus e de Jesus crucificado, é uma ressurreição da humanidade decaída, graças à virtude do sangue de Jesus Cristo. Lamentos de JESUS revelados a SÃO PADRE PIO DE PIETRELCINA escritos por este último ao seu diretor : “Ouça, caro padre, os justos lamentos de nosso dulcíssimo Jesus: “deixam-me sozinho de noite, sozinho de dia nas igrejas. Não cuidam mais do sacramento do altar; nunca se fala desse sacramento de amor; e, mesmo os que falam, infelizmente, com que indiferença, com que frieza! O meu coração, diz Jesus, está esquecido. Já ninguém se preocupa com o meu amor. Estou sempre triste. Minha casa tornou-se, para muitos, um teatro de divertimentos; mesmo os meus ministros, que sempre considerei com predileção, que amei como a pupila dos meus olhos, deveriam consolar o meu Coração cheio de amargura, deveriam ajudar-me na redenção das almas. Em vez disso, quem o acreditaria?, devo receber deles ingratidão e falta de reconhecimento. Vejo, meu filho, muitos desses que… (aí se calou, os soluços lhe apertaram a garganta, chorou em segredo), sob aparências hipócritas, me traem com comunhões sacrílegas, esmagando as luzes e as forças que continuamente lhes dou…”. Jesus continuou ainda a lamentar-se. Padre, como me faz mal ver Jesus chorar! Também o senhor passou por isso? Sexta-feira de manhã (28-03-1913) eu ainda estava na cama quando me apareceu Jesus, totalmente maltratado e desfigurado. Mostrou-me um grande número de sacerdotes regulares e seculares, entre os quais diversos dignitários eclesiásticos; desdes, alguns estavam celebrando, outros se paramentando e outros retirando as sagradas vestes. Ver Jesus angustiado causava-me grande sofrimento, por isso quis perguntar-lhe por que sofria tanto. Não obtive resposta. Porém, o seu olhar voltou-se para aqueles sacerdotes. Mas pouco depois, quase horrorizado e como se estivesse cansado de observar, desviou o olhar e, quando o ergueu para mim, com grande temor verifiquei que duas lágrimas lhe sulcavam as faces. Afastou-se daquela turba de sacerdotes, tendo no rosto uma expressão de profundo pesar, gritando: Carniceiros! E voltado para mim disse: “Meu filho, não creias que a minha agonia tenha sido de três horas, não. Por causa das almas por mim mais beneficiadas, estarei em agonia até o fim do mundo. Durante o tempo da minha agonia, meu filho, não convém dormir. Minha alma vai à procura de algumas gotas de piedade humana; mas ai de mim! Deixam-me sozinho sob o peso da indiferença. A ingratidão e os meus ministros supremos tornam opressiva minha agonia. Ai de mim! Como correspondem mal ao meu amor! O que mais me aflige é que, à sua indiferença, esses homens acrescentam o desprezo, a incredulidade. Quantas vezes eu estive a ponto de fulminá-los, se não tivesse sido detido pelos anjos e pelas almas enamoradas de mim… Escreve ao teu padre narrando o que viste e ouviste de mim esta manhã. Diz a ele que mostre a tua carta ao padre provincial…..”Jesus ainda continuou, mas o que disse não poderei revelar a criatura alguma deste mundo. Essa aparição me causou tal dor no corpo, porém ainda mais na alma, que durante o dia todo fiquei prostrado e acreditaria estar morrendo, se o dulcíssimo Jesus já não me tivesse revelado….. Jesus tem razão de se queixar de nossa ingratidão! – [FONTE : "PADRE PIO, PALAVRA DE LUZ" , FLORILÉGIO DO EPISTOLÁRIO]