- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)
sexta-feira, 12 de abril de 2019
DOM DIVO BARSOTTI, ONDE ESTÁ O NOSSO CRISTIANISMO ?
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"A fé nos ensina que o Deus que está perto de ti, que te sustenta, que te ilumina, que te segura a mão, é Aquele que criou o céu e a terra. Tudo consiste na fé, mas a nossa fé é pobre. Existe o perigo de que nós, mesmo que acreditemos em Deus, o adaptemos à nossa pequenez.
Não nos propomos àquele que é o Infinito, que é o Todo-Poderoso, mas propomos Deus a nós mesmos, aos nossos sentimentos, às nossas pequenas esperanças, às nossas pequenas intenções. A primeira leitura que ouvimos nos disse que aquele que está perto de nós, que nos conhece, que nos escolheu, é o criador do céu e da terra.
Já pensaste no tamanho do universo? Você já tentou ter uma certa visão da vastidão ilimitada da criação? Com todos os seus problemas, as leis que a regem, os incontáveis seres vivos que a habitam? Esta manhã me perguntei se todo o cristianismo não tinha falta de fé. Ontem houve um professor da Universidade de Bolonha no retiro, Lamberto apresentou-mo (Coppini, ed): disse-me que visitou a Mongólia, o Tibete, esteve quatro vezes na China, visitou toda a Índia. Disse-me que o cristianismo nem sequer tocou nesta imensa multidão de povos. Pense nisso como 800 milhões na Índia e 2 mil milhões na China.
O que é o cristianismo?
É evidente que a Europa acabou: se estes povos acordarem, a Europa torna-se um apêndice do continente asiático. E onde está a Igreja? O grave pecado para mim - meu, mas também vosso, dos bispos e de todos os cristãos - é o de não ter tido aquela fé intrépida que Paulo tinha e que tiveram os primeiros missionários do Evangelho que transformaram toda uma civilização, o Império Romano e também a civilização grega, que fez a Europa cristã.
Onde está essa força, essa fé hoje? Estamos a tentar manter a Europa cristã: é tudo? O impulso apostólico da Igreja consiste apenas em manter a fé naqueles que já não a querem, naqueles que a repudiaram? O Senhor nos diz que se uma cidade não nos acolhe, devemos sacudir o pó dos nossos sapatos e ir para outra cidade. Porque não vamos para a Ásia? O que estamos a fazer na Europa? Ela abandonou o Senhor: vive então a sua condenação. Qual é o objetivo de desperdiçarmos toda a nossa energia para um povo que não quer mais saber nada sobre Deus? Fazemos realmente o que o Senhor nos pediu? Nós realmente temos fé na onipotência da Sua graça? Nós realmente acreditamos que Deus se tornou homem para nos salvar a todos? Acreditamos realmente que este homem é o Deus ressuscitado, que vive no meio da Igreja, que é a vida do mundo?
São palavras: não acreditamos nelas, porque se acreditássemos a nossa vida teria um brilho diferente e não pensaríamos apenas em preservar - mal - aquele pouco de cristianismo que a Europa recebeu, mas sentiríamos a ansiedade destas imensas populações que ainda nem sequer estão arranhadas pelo Evangelho e não sabem nada sobre Cristo.
Que coisa são os seis milhões de católicos na China em comparação com os dois milhões de homens? Temos ansiedade missionária? Sentimos em nossos corações essa necessidade de dar vida a todos se cremos que a vida e a salvação estão em Cristo Jesus? Com isto não quero dizer que estas pessoas asiáticas vão para o inferno, mas quero dizer o que disse uma vez aos Cardeais e ao Papa quando preguei os exercícios no Vaticano. Repeti as palavras da conclusão do Evangelho de Marcos: "Quem crer e for baptizado será salvo, quem não crer será condenado".
O Cardeal Tisserand disse-me: "Não é como diz o Evangelho! Eu disse-lhe: "Bem, se não forem condenados, sereis condenados, porque não fazeis o que deveis fazer para levar o Evangelho a todos". É verdade que eles não têm culpa se não crêem, mas é verdade que essa culpa cai sobre nós porque não cremos em Deus. O cristianismo tornou-se um elemento de cultura, não é mais aquela força divina que nos sustenta e nos empurra para uma aventura heróica. Veja, eu como todos os dias: é possível ser cristão se você comer calmamente todos os dias? Eu me pergunto: acredito que nos falta o sentido dessa relação que Deus estabeleceu com o homem. Deus não é um ídolo qualquer: Ele é o Deus Todo-Poderoso, o Criador do céu e da terra, Ele é Deus que é o Infinito, que é o Eterno e que quer viver em ti, Ele quer que o teu ser se torne um instrumento da Sua divina onipotência.
Por que nos contentamos apenas em converter apenas 10, 20, 500, 5000 pessoas? O que enfrentam os dois biliões de asiáticos? Depois há o Japão, a Coreia, a Mongólia, a Indonésia... O que é o cristianismo?