sábado, 18 de maio de 2019

Don Divo Barsotti, Por ser meu, Ele Se faz presente em minha vida, de fato, em Cristo, Ele vive Sua vida em mim.

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É precisamente através deste processo que o caminho da humildade coincide com o caminho de um amor que nos assimila a Deus.
Um ato é humano, quando por ele o homem se realiza em seu mais alto valor como criatura consciente e livre e, portanto, responsável. O ato humano proclama a nobreza do ser espiritual. É a vontade que torna o acto realizado pelo homem humano.

Assim, renunciando a toda a sua vontade, se o homem se deixa possuir por Deus de tal modo que a vontade do Senhor se cumpre sempre mais perfeitamente nele, acontece que ele vive a mesma vida que Deus. "Eu vivo ego, sou non ego, vivit vero em mim Christus. Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" (Gl 2, 20).

Outro me toma, me usa como instrumento de sua vontade, e ele vive para mim. Por ser meu, Ele se faz presente em minha vida; na verdade, em Cristo, Ele vive Sua vida em mim. A vida sobrenatural consiste numa conformidade cada vez mais perfeita à vontade divina, numa certa substituição da vontade de Deus pela vontade do homem. Certamente "substituição" é um termo demasiado forte: também em nosso Senhor permanece a vontade humana, com a vontade divina; mas a vontade humana permanece para aderir e dar lugar à vontade de Deus. Por isso, no Getsêmani, Jesus reza: "Não como eu quero, mas como tu queres" (Mt 26,39).

 O exercício da vontade humana é precisamente o de renunciar a si mesmo para que Deus esteja presente. O homem vive a sua morte apenas para se tornar o órgão da vontade divina. * O caminho da vida espiritual vai da obediência ao abandono perfeito. A perfeição da obediência será o abandono: como se o homem já não tivesse desejo, aspiração ou vontade, deixa-se possuir totalmente por Aquele que ama.

 Ele se entrega totalmente a Deus para que só Deus possa viver através do ser humano. A adesão à vontade divina na obediência pressupõe ainda um esforço, uma ascese, um constrangimento que o homem impõe à sua própria natureza. Os instintos ainda se opõem à vontade de Deus e o homem deve mortificá-los, mas a obediência é própria do servo.

 Quando, pouco a pouco, no crescimento do amor, nada mais contrasta o homem com a vontade divina, então o homem manso segue o impulso que vem dele. A docilidade supõe um consenso, que pode ser mais ou menos fácil, que pode ser dado mais ou menos prontamente; no final, a alma já não parece conhecer a sua própria vontade: só Deus parece agir através dela, instrumento puro nas mãos de Deus, a alma deixa Deus fazer consigo o que quer.

 Da obediência ao abandono: a alma nasce trazida pelo amor tanto quanto desce à humildade; o abandono que realiza sua pura transformação em Deus se identifica também com sua perfeita abnegação. Ser criado, é claro, permanece: o homem é imortal; mas psicologicamente é como se não fosse; não só não sente mais oposição a Deus, mas também não tem consciência de si mesmo, exceto em Deus. Não confundido com ele, mas plenamente concedido a ele, em sua luz ele se perde, como uma pequena chama na luz do sol.

A chama permanece, mas não é vista. Nesta luz imensa desaparece toda outra luz; ela existe, mas é como se não fosse. Assim são as estrelas no esplendor do dia. A verdadeira humildade coincide com a plenitude da vida em Deus. A purificação não vem primeiro, depois o amor. Tanto o homem é purificado como ele ama, e tanto ama quanto é purificado; no final, a pureza total coincide com a visão de Deus. A plenitude da vida divina responde ao nada de ser criado. Pura capacidade que acolhe a Deus, nós somos apenas Ele na medida em que Ele se deu a Si mesmo. Como um cristal que acolhe a luz do sol em si mesmo, ele se ilumina e reflete sobre tudo.