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ABANDONO A DEUS
(Extraído da Meditação de Dom Divo "A Fé de Maria")
E é por isso que a primeira coisa que se impõe se quisermos nos entregar ao Espírito Santo é o que sempre foi dito. Acreditar no amor de Deus. Se não acreditamos no amor de Deus, também não podemos abandonar-nos, ou pelo menos o nosso abandono é verdadeiramente como uma renúncia à vida, um abandono à morte, às forças desintegradoras do ser, ao desânimo, à desconfiança, à vacuidade.
Para que o nosso abandono seja positivo, devemos acreditar no amor pessoal de Deus, não no amor de Deus em geral, mas neste amor de Deus por mim, num amor infinito, que me quer com toda a sua força de amor. Temos de acreditar nisto.
Assim, o meu abandono não é um fracasso da minha vida, um empobrecimento da minha existência, mas sim uma semelhança com o outro, como o abandono da mulher àquele que ama. Torna-se um fortalecimento da vida, uma verdadeira realização do próprio ser porque, assim como Deus, assim também a criatura humana é, só se ama, na medida em que ama.
A primeira coisa que se impõe, portanto, é crer no amor de Deus, mas não é fácil. Antes de mais nada, devemos perceber a própria realidade de Deus, enquanto não o fizermos nunca poderemos abandonar-nos. Abandono é como atirarmo-nos para um vazio, é para morrermos verdadeiramente.
Devemos ter certeza de que Deus não só está presente, mas me ama verdadeiramente, porque não nos abandonamos ao outro se não nos amamos, não somente, mas não queremos. Este abandono não seria para uma pessoa, mas para nada. Temos de acreditar.
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)