domingo, 3 de janeiro de 2010

Pio XII foi um verdadeiro pai para os católicos .


Papa Pio XII. Durante os 19 anos que durou seu pontificado, Pio XII foi um verdadeiro pai para os católicos, iluminando-os com sua doutrina. Em sua primeira carta-encíclica, "Summi Pontificatus", de 20 de outubro de 1939, nos deixou como seu plano de batalha. Depois de recordar as prioridades de seu pontificado, o Papa recorda os males de sua época e os meios para recristianizar a sociedade. Como vamos ver, sua doutrina não perdeu nada de sua atualidade.

I. Prioridades de um pastor verdadeiro

1) O fim do pontificado: Restaurá-lo todo em Cristo Nosso Senhor. "Omnia instaurare in Christo" tinha por lema São Pio X. Restaurar todas as coisas em Nosso Senhor Jesus Cristo. O programa de Pio XII não foi outro. No começo de sua encíclica disse: Consagramos "Nossa vontade esperançosa como nosso ensino e atividade pastoral, e, finalmente, o sofrimento dos trabalhos e penas (...) exclusivamente à difusão do reino de Cristo" (par. 2). E mais adiante afirma que "a missão (da Igreja) (...) consiste em realizar na terra o plano divino de restaurar em Cristo todas as coisas dos céus e da terra" (par. 66). Neste reino social de Jesus, Pio XII vê o único meio para a salvação: "a única pedra angular sobre a qual tanto o Estado como o indivíduo podem encontrar salvação segura é Cristo (par. 71). "A reverência à realeza de Cristo, o reconhecimento dos direitos de sua régia potestade e o procurar a volta dos particulares e de toda a sociedade humana à lei de sua verdade e de seu amor, são os únicos meios que podem fazer voltar os homens ao caminho da salvação" (par. 15). Quão distantes estamos do laicismo difundido hoje em dia pelo Vaticano, que reconhece e aprova a neutralidade do estado em matéria religiosa!

2) Dar testemunho da verdade: Para chegar ao reino de Nosso Senhor, o primeiro dever do Vigário de Cristo é pregar a verdade: "Como Vigário de Aquele que, em uma hora decisiva, diante do representante da mais alta autoridade daquele tempo, pronunciou as augustas palavras: 'Eu para isto nasci e para isto vim ao mundo, para dar testemunho da verdade; todo aquele que pertence à verdade, ouve minha voz' (São João, 18, 37), declaramos que o principal dever que Nos impõe nosso ofício e nosso tempo é 'dar testemunho da verdade'" (par. 14). Esta palavras ferem os ouvidos liberais como feriram os ouvidos de Pilatos em seu momento.

Para dar testemunho da verdade exige-se a condenação do erro: "Este dever [dar testemunho da verdade, N.d.l.R.], que devemos cumprir com firmeza apostólica, exige necessariamente a exposição e a refutação dos erros e dos pecados dos homens, para que, vistos e conhecidos a fundo, seja possível o tratamento médico e a cura: Conhecereis a verdade, e a verdade os fará livres" (par. 14). O Papa Pio XII não cai na ilusão de pensar que só a pregação da verdade basta para difundi-la. Há que opor-se com força ao veneno do erro que corrompe as inteligências e as aparta de Nosso Senhor Jesus Cristo, como sempre o fez a Igreja, condenando as heresias.

A condenação do erro, evidentemente, deve realizar-se com o modo devido, praticando a Verdade na caridade: "O zelo que não é caridoso procede de uma caridade que não é verdadeira" dizia Dom Chautard ( "A alma de todo apostolado", ponto IV, capítulo 4). O Papa Pio XII pensava o mesmo: "Nossa conduta estará animada por aquela caridade paterna que enquanto nos ordena trabalhar com suma tristeza por causa dos males que atormentam aos filhos, nos manda também assinalar a estes mesmos filhos os oportunos remédios, imitando assim o divino modelo dos pastores, Cristo, Senhor nosso, que nos dá ao mesmo tempo luz e amor: Praticando a verdade com amor" (par. 14).

À luz destes princípios, o Papa começa a descobrir os erros atuais.

II Os Perigos atuais

1) O laicismo. O laicismo é o mal fundamental de nosso época, o câncer que rói as inteligências. O que é o laicismo? É uma "incredulidade religiosa, cega e demasiada orgulhosa de si mesma, que exclui Cristo da vida moderna, e especialmente da pública e, junto com a fé em Cristo, debilita também a fé em Deus. Daqui se segue que todas as normas e princípios morais segundo os quais eram julgadas em outros tempos as ações da vida privada e da vida pública têm caído em desuso" (par. 24).

A negação de Deus e do mundo sobrenatural que leva à neutralidade do estado em matéria religiosa e moral, tais são as propriedades essenciais do laicismo. O estado se declara incapaz de conhecer a verdade doutrinal ou moral. As conseqüências destas doutrinas são dramáticas:

a) A volta ao paganismo: "De onde o laicismo consegue subtrair o homem, a família e o Estado do influxo benéfico e regenerador de Deus e da Igreja, apareçam sinais cada vez mais evidentes e terríveis da corruptora falsidade do velho paganismo" (par. 24).

b) A desordem social na vida privada e pública, fracasso dos estados. "Assim debilitada e perdida a fé em Deus e no Divino Redentor e apagada das almas a luz que brota dos princípios universais de moralidade, fica imediatamente destruído o único e insubstituível fundamento de estável tranqüilidade em que se apóia a ordem interna e externa da vida privada e pública, que é o único que pode gerar e salvaguardar a prosperidade dos Estados" (par. 25).

Quanta claridade nestes princípios! Sem Deus, sem Nosso Senhor Jesus Cristo, sem a Igreja por Ele fundada, os estados tendem ao caos. A situação atual do mundo de hoje em dia o demonstra com evidência.

Ao par do laicismo, o Papa denuncia outro mal de nossa época.

2) O totalitarismo. Talvez poderíamos pensar que esta advertência perdeu sua atualidade. Claro que já não estamos em 1939, quando o nazismo de Hitler e o comunismo de Stalin ameaçavam o mundo. Mas não nos enganemos. Os totalitarismos seguem existindo, e basta ler a descrição que dele nos dá o Papa Pio XII para ver que, pouco mais ou menos em todas as partes, estamos regidos por um sistema totalitário.

O totalitarismo é "a usurpação pelo poder político daquela absoluta autonomia que é própria exclusivamente do Supremo Feitor, e a elevação do Estado ou da comunidade social, posta no lugar do mesmo Criador, como fim supremo da vida humana e como norma suprema da ordem jurídica e moral" (par. 40). O sistema totalitário coloca-se por encima de toda verdade ou lei moral. Se converte no fim supremo dos cidadãos.

Evidentemente que esta falsa doutrina foi condenada repetidas vezes pela Igreja, como o recorda o Papa Pio XII: "O poder político, como sabiamente ensina na encíclica 'Immortale Dei' nosso predecessor Leão XIII, de piedosa memória, foi estabelecido pelo Supremo Criador para regular a vida pública segundo as descrições daquela ordem imutável que se apóia e é regida por princípios universais; para facilitar à pessoa humana, nesta vida presente, a consecução da perfeição física, intelectual e moral, e para ajudar os cidadãos a conseguir o fim sobrenatural, que constitui seu destino supremo" (par. 44).

O fim do homem não é o estado; é a vida eterna. O estado deve assegurar aos cidadãos as condições de vida que lhe facilitarão a salvação.

A principal aplicação do totalitarismo será o abuso de autoridade do estado sobre a família: "Desta concepção teórica e prática pode surgir um perigo: considerar a família, fonte primeira e necessária da sociedade humana, e seu bem-estar e crescimento, como instituição destinada exclusivamente ao domínio político da nação, e se corre também o perigo de esquecer que o homem e a família são, por sua própria natureza, anteriores ao Estado, e que o Criador deu ao homem e à família peculiares direitos e faculdades e lhes assinalou uma missão, que responde a inequívocas exigências naturais" (par. 48).

Esta falsa doutrina se manifestará principalmente na educação dos filhos. O estado totalitário se atribuirá um direito indevido de vigiar a instrução e formação dos filhos para inocular seus falsos princípios desde o berço.

O vemos claramente, entre outros, na República Argentina (a Revista Iesus Christus é editada neste país, Nota do Tradutor). As leis tirânicas a respeito da educação que obrigam a seguir programas ímpios, que fomentam a "educação" (ou melhor, perversão) sexual, o que impede a criação de escolas verdadeiramente católicas: são uma prova evidente de que estamos vivendo debaixo de um estado totalitário. A escola laica obrigatória é uma das maiores vitórias do demônio no mundo de hoje: ter conseguido que desde a infância se formem a pequenos ateus, livre-pensadores, filhos de Voltaire e da Revolução.

Diante deste perigo, o Papa Pio XII recorda a necessidade absoluta da educação religiosa e da escola católica: "Uma educação da juventude que se despreocupe, com esquecimento voluntário, de orientar o olhar da juventude também à pátria sobrenatural, será totalmente injusta tanto contra a própria juventude como contra os deveres e os direitos totalmente inalienáveis da família cristã (...) que escândalo pode ser mais nocivo, que escândalo pode ter mais criminal e duradouro que uma educação moral da juventude dirigida equivocadamente a uma meta que, totalmente distante de Cristo, caminho, verdade e vida, conduz a uma apostasia oculta ou manifesta do Divino Redentor? (...) um sistema educativo que não respeite o recinto sagrado da família cristã, protegido pela lei de Deus; que deite por terra suas bases e feche à juventude o caminho a Cristo, para impedir-lhe beber a água nas fontes do Salvador, e que, finalmente, proclame a apostasia de Cristo e da Igreja como sinal de fidelidade à nação ou a uma classe determinada, este sistema, sem dúvida alguma ao obrar assim, pronunciará contra si mesmo a sentença de condenação" (par. 52). Meditando estas palavras nunca duvidaremos em apoiar o mais possível as escolas verdadeiramente católicas.

III Remédios aos problemas de nossa época

Para remediar o veneno do laicismo que corrói nossa sociedade existe uma única solução: a vida e a doutrina cristã: "Todo edifício que não tenha como fundamento a doutrina de Cristo, está sendo levantado sobre uma areia movediça, e seu destino é, cedo ou tarde, uma inevitável queda" (par. 72). "A reeducação da humanidade, se quer se efetiva, tem que ficar saturada de um espírito principalmente religioso; tem de partir de Cristo como fundamento indispensável" (par. 60).

O Papa Pio XII condena assim a ilusão dos que querem mudar a sociedade sem apoiar-se principalmente sobre a religião. A religião não é uma ajuda para a ordem da sociedade, é seu fundamento necessário. Para chegar À renovação da sociedade, o Papa nos propõe vários meios concretos:

1) A santificação pessoal. O meio principal e fundamenta da recristianização da sociedade é a própria santificação: "é o primeiro e o essencial" (par. 62). Somente os Santos podem transformar a sociedade, e basta em olhar a influência de um São Bernardo, de um Santo Cura de Ars ou de um São João Bosco para convencer-se disso.

2) A pregação. "A pregação do Evangelho, que lhe confiou seu Divino Fundador, com a qual se inculcam aos homens os preceitos da verdade, da justiça e da caridade, e igualmente o esforço por enraizar sólida e profundamente estes preceitos nas almas, são meios tão idôneos para alcançar a paz, é um trabalho tão nobre e eficaz, que não há quem possa ter outros que se lhes igualem" (par. 62). Não percamos nem uma oportunidade de pregar a verdade à gente que nos rodeia. São muitas as ocasiões que nos proporciona a Providência para falar do céu e da vida eterna. Sobretudo, não nos deixemos silenciar pelo respeito humano.

3) A Ação católica, ou seja a formação e o apostolado dos leigos. Como seu predecessor São Pio X, o Papa Pio XII tinha compreendido que os leigos têm um papel muito importante na recristianização da sociedade. Fortalecidos por uma profunda formação doutrinal e espiritual, por meio de seu exemplo e de sua atividade apostólica os leigos têm que ser instrumentos eficazes do Reino de Deus na sociedade.

4) A santidade da família. Não há segredo: para a reconstrução da Cristandade, a família tem uma importância essencial. Das famílias verdadeiramente católicas sairão os verdadeiros apóstolos e cooperadores do Reino de Cristo na terra:

"Há que advertir aqui que a família tem uma parte muito principal no fomenta desta colaboração dos seculares, tão importante, como temos dito, em nossos tempos, porque o governo equilibrado da família exerce um influxo extraordinário na formação espiritual dos filhos. Enquanto no lar doméstico brilhe a chama sagrada da fé cristã e os pais impregnem com esta fé as almas dos filhos, não há dúvida alguma que nossa juventude estará sempre disposta a reconhecer praticamente a realeza de Jesus Cristo e a opor-se valente e virilmente a todos quantos tentem banir o Redentor da sociedade humana e profanar sacrilegamente seus sagrados direitos. Donde se fecham as igrejas, donde se tira das escolas e do ensino a imagem de Jesus crucificado, fica o lar familiar como o único refúgio impenetrável da vida cristã, preparado providencialmente pela benignidade divina" (par. 64).

5) O grande meio para a recristianização da sociedade: o Culto ao Sagrado Coração. O Papa da encíclica sobre o Sagrado Coração ("Haurietis aquas"), que via no culto ao Sagrado Coração de Jesus "o compêndio de toda a religião, (...) a norma de vida mais perfeita, (...) o meio mais suave de encaminhar as almas ao profundo conhecimento de Cristo Senhor nosso e o meio mais eficaz que as move a amar-lhe com mais ardor e a imitar-lo com maior fidelidade e eficácia" (ibid.), não podia negligenciar em sua primeira encíclica a eficácia incrível desse culto para a renovação da sociedade: "Seja este culto (do Sagrado Coração) o fundamento no qual se apóiam num momento o propósito que pretendem tanto nossa vontade esperançosa como nosso ensino e pastoral atividade, e, finalmente, o sofrimento dos trabalhos e penas, que consagramos exclusivamente à difusão do reino de Cristo" (par. 2).

Sigamos seu exemplo e façamos do Sagrado Coração o fundamento, a pedra angular de nossa vida pessoal e familiar, para que Nosso Senhor reine de novo na sociedade. Às vezes, ao ver a crise espantosa que atravessa a Igreja, nos podemos desanimar e dar-nos por vencidos. Não percamos nunca a fé no Sagrado Coração de Nosso Senhor, que prometeu à Santa Margarida Maria: "Reinarei a pesar de meus inimigos".

Coração de Jesus, tende misericórdia de nós!, em Vós confio!

fonte.Lamentabili