O pensamento (que agora ouso submeter à Vossa Santidade) está em minha mente há bastante tempo. É o de se dar um grandioso e, se possível, final, esclarecimento sobre o último Concílio, a respeito de cada um de seus aspectos e conteúdos.
Com efeito, pareceria lógico, e a mim parece urgente, que estes aspectos e conteúdos sejam estudados em si mesmos e no contexto de todos os outros, com um exame atento de todas as fontes, e do ponto de vista específico da continuidade com o Magistério precedente da Igreja, tanto solene como ordinário. Será então possível, em comparação com o Magistério tradicional da Igreja e com base num trabalho científico e crítico — quão vasto e irrepreensível possível — retirar matéria para uma avaliação clara e objetiva do Vaticano II.
Isso permitirá responder às seguintes questões (entre outras):
- Qual é a verdadeira natureza do Vaticano II?
- Qual é a ligação entre seu caráter pastoral (uma noção que necessitará ser determinada com autoridade) e seu possível caráter dogmático? O caráter pastoral é conciliável com o dogmático? Ele o supõe? O contradiz? O ignora?
- É verdeiramente possível definir o Concílio Vaticano II como “dogmático”? E conseqüentemente, é possível se referir a ele como um concílio dogmático? Basear sobre ele novas asserções teológicas? Em que sentido? E dentro de quais limites?
- O Vaticano II é um “evento” no sentido dado à palavra pelos professores de Bologna* , i.e., algo que desata as ligações com o passado e estabelece uma nova era em todos os aspectos? Ou todo o passado revive nele “eodem sensu eademque sententia”?
Monsenhor Brunero Gherardini, padre da diocese de Prato (Itália), está a serviço da Santa Sé desde 1965, especialmente como professor de eclesiologia e ecumenismo na Pontifícia Universidade Lateranense até 1995. É autor de uma centena de livros e várias centenas de artigos em revistas, lidando com três campos concêntricos de pesquisa: a Reforma do século XVI, Eclesiologia e Mariologia. Monsenhor Gherardini atualmente é cônego da Arquibasílica Vaticana e editor da revista internacional de teologia “Divinitas”.
fonte:fratres in unum