Revista Catolicismo
"Dois Amores, escreveu Santo Agostinho, fundaram duas Cidades, a saber: o amor de si mesmo até o desprezo de Deus, fundou a cidade terrena; e o amor de Deus até o desprezo de si mesmo, fundou a Cidade celestial (De civitate Dei XIV, 28) ....
"De outra forma, mas coincidindo no essencial com Santo Agostinho e Santo Inácio de Loyola, um egrégio pensador e publicista moderno, Plinio Corrêa de Oliveira, brasileiro, apresenta a luta eterna das Duas Bandeiras sob os nomes de Revolução e Contra-Revolução”.(2)
O escritor brasileiro, Ubiratan de Macedo, que reconhece sua discrepância ideológica em relação à TFP, afirma que Revolução e Contra-Revolução dá os fundamentos filosóficos do tradicionalismo:
"Plinio Corrêa de Oliveira .... escreveu, em 1959, um ensaio fundamental dentro do tradicionalismo. Referimo-nos ao opúsculo Revolução e Contra-Revolução que foi logo traduzido para várias línguas, caracterizando a importância mundial do tradicionalismo brasileiro.
"Este ensaio dá os fundamentos filosóficos do tradicionalismo." A seguir ressalta a visão metafísica e teológica da História que se desprende da obra:
"Caracteriza a Revolução como sendo não apenas um movimento localizado como a Revolução Francesa, mas dá-lhe uma dimensão metafísica e de teologia da História. A Revolução é um inimigo temível que inspira uma cadeia de ideologias e que está por detrás da Reforma Protestante, da Revolução Francesa e do Comunismo."(3)
Por sua vez, o autor espanhol Luiz M. Sandoval Pinillos escreve:
"Possivelmente a aproximação mais complexa e sistemática da Contra-Revolução .... é a que contém o livro de Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, de referência ineludível".
E mais adiante acrescenta que a concepção da obra é: "Perfeita como arquétipo ideal, muito útil e necessária para formar uma organização compacta de combate contra-revolucionário."(4)
"Só bem mais tarde esse pensamento teológico se orienta e sistematiza. Em 1959, com efeito, Plinio Corrêa de Oliveira publica um novo livro: Revolução e Contra-Revolução. Segundo o Autor, a revolução mundial está em marcha, e leva necessariamente à destruição do homem e da sociedade ...."
E continua:
"O comunismo é hoje o inimigo, e a Contra-Revolução a luta específica e direta do cristão. É a idéia monarquista que inspira a Contra-Revolução. Isso não implica a rejeição da república, que, em sua essência, não é forçosamente revolucionária ....
"A [publicação] de Revolução e Contra-Revolução corresponde a uma doutrina elaborada e combativa, que inspira as campanhas e ofensivas do movimento [TFP] após a sua constituição”.(6)
Poderosa influência de Revolução e Contra-Revolução no Chile
A eficácia da doutrina exposta pelo insigne pensador e líder católico em seu livro e a conseqüente influência exercida por este no terreno político-social marcaram a fundo a polarização da situação chilena nas décadas de 60 a 80. É o que sustenta o destacado sociólogo esquerdista Otto Boye. Após afirmar que o jesuíta Pe. Vekemans liderou o pólo progressista, escreve :
"Por sua parte, a TFP solenizou a presença no Chile de uma mentalidade católica de direita que parecia praticamente desaparecida. Um de seus padres fundadores (sic), o brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira, foi amplamente difundido no Chile através de sua obra Revolução e Contra-Revolução. Dada a acolhida que esta corrente integrista de direita tem tido entre alguns católicos de classe alta que até hoje influem poderosamente no governo chileno, merece ser citada um par de reflexões centrais de dito autor ...."(7)
Catecismo da Contra-Revolução
Dificilmente poderiam honrar mais o Autor de Revolução e Contra-Revolução, as palavras do conhecido escritor norte-americano John Steinbacher, extraídas de seu prefácio à edição em inglês da obra publicada nos Estados Unidos em 1972:
"Este livro é um catecismo contra-revolucionário. A História tem registrado catecismos revolucionários no passado.... Mas nunca existiu um livro parecido ao que o Sr. vai ler ...."
E após fazer um breve resumo da obra, conclui:
"Não cabe nenhuma dúvida que a última metade deste livro (A Contra-Revolução) é o documento mais importante que jamais se escreveu, depois da Bíblia, posto que mostra, com clareza e de modo inequivocamente exato, como a Civilização Cristã pode ser salva por esta geração".(8)
Louvor de Núncio Apostólico, Mons. Romolo Carboni
Pouco mais de dois anos após a publicação de Revolução e Contra-Revolução, o então Núncio Apostólico no Peru, Mons. Romolo Carboni (9) escreveu uma carta datada de 24-7-1961, a seu Autor, manifestando-lhe sua “magnífica impressão” a respeito da obra. Veja, abaixo, alguns trechos da missiva:
"Distinto professor:
“A leitura de seu livro Revolução e Contra-Revolução causou-me magnífica impressão, tanto pela justeza e acerto com que analisa o processo da Revolução e desenvolve as verdadeiras origens da quebra dos valores morais que desorientam as consciências no presente, como pelo vigor com que assinala a tática e os métodos de luta para superá-la ....
“Estou seguro de que seu douto livro prestou um singular serviço à causa católica e contribuirá para concentrar as forças do bem na rápida solução do grande problema contemporâneo ....
“Desejo-lhe, estimado Professor, uma ampla difusão e uma merecida acolhida a seu livro por parte dos leitores católicos desejosos de alistar-se nas fileiras do movimento anti-revolucionário.
“Aceite o testemunho de minha sincera admiração por sua obra e as expressões de minha distinta consideração”.
Romolo Carboni (Arcebispo Titular de Sidón)
Núncio Apostólico"
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Notas:
1) Os textos apresentados neste artigo constituem uma pequena amostra das centenas de repercussões de Revolução e Contra-Revolução que temos em mãos.
2) Aurélio F. Aulestia B., SJ, Es necesario que Jesucristo reine!, En la Mitad del Mundo, Quito, 1973, pp. 64, 65.
Tanto o Pe. Aulestia como todos os autores que adiante citamos fundamentam suas afirmações em Revolução e Contra-Revolução, transcrevendo trechos da obra. Devido ao pouco espaço que dispomos e a finalidade deste artigo, limitar-nos-emos a reproduzir apenas suas opiniões.
3) Ubiratan de Macedo, As idéias políticas no Brasil, Convívio, São Paulo, 1979, vol. 2, p. 241.
4) Luiz Maria Sandoval Pinillos, Consideraciones sobre la Contrarrevolución, Speiro, 1990, pp. 3, 28 e 29.
5) O Pe. Antoine escreveu numerosos livros sobre a situação político-religiosa do Brasil, em muitos dos quais trata longamente sobre o pensamento e a ação de Plinio Corrêa de Oliveira.
6) Pe. Charles Antoine, O Integrismo Brasileiro, Civilização Brasileira, 1980, pp. 22, 23.
7) Otto Boye, Condicionantes externas del aporte de la Iglesia Católica a la Idea y Praxis de la Democracia en Chile, CED (Centro de Estudios del Desarrollo), Agosto/1984, nº 13, pp. 29-31.
8) Revolution and Counter-Revolution, 1972, by Educator Publications, Fullerton, CA, Foreword by John Steinbacher, pp. 7 e 10.
9) Mons. Romolo Carboni, foi Núncio Apostólico no Peru, e posteriormente, junto ao Governo da Itália.