A santidade é simples-Parte I
«Todos os caminhos do Senhor são misericórdia e verdade, graça e fidelidade» Sl 24, 10
Sede perfeitos, sede santos, nos diz a todos sem exceção o Senhor. Sabia bem Deus a quem dava este preceito, pois somos suas criaturas, obra de suas mãos: ‘Tuas mãos me fizeram e me plasmaram’ (Jó 10, 8). Embora as condições humanas sejam tão diversas, Deus não faz nenhuma exceção e nos diz a todos igualmente: Sede santos. Se em meio a tão diversas situações como nos encontramos, Deus, Sabedoria por essência, nos manda a todos ser santos sem fazer distinção, não há de ser a santidade tão difícil como à primeira vista parece.
Se os santos são poucos é porque a maior parte dos cristãos não tem um conhecimento exato da santidade. ‘As vias do Senhor são todas misericórdia e verdade’ (Sl 24, 10). Somente por falta de uma segura convicção de que são estes unicamente os caminhos de Deus, é que muitas almas não chegam à santidade.
As misericórdias do Senhor são sem número e Ele as derramou sem medida nos caminhos por onde Ele mesmo nos manda caminhar para ir até Ele.
Deus é Verdade. Seu Reino está fundado na verdade, só pode reinar nas almas que andam em verdade. Andar em verdade quer dizer estimar a santidade pelo que ela é e não pelo que imaginamos que seja. Assim não pareceria a muitos tão difícil alcançá-la.
Estejamos certos de que nesses formosos caminhos de santidade, traçados pelas paternais mãos de Deus, cheios todos de luz, de misericórdia e de verdade, não há as dificuldades que parece haver. Somos nós que os fazemos difíceis por não conhecê-los bem. Se se conhecesse com todos os seus atrativos, então os santos seriam coisa comum. Especialmente entre religiosos que vivem em um estado mais propício à santidade e também entre os leigos que não vivem segundo as máximas do mundo, senão que colocam acima de tudo os seus interesses eternos, buscando a Deus e sua justiça.
Por que não é assim? Por que são tão poucas as pessoas cheias do Espírito de Deus, junto às quais se respira santidade? O que falta a tantas almas boas para que exalem esse perfume celestial e atraiam a todos os que se aproximam, levando-os a Deus? O que lhes falta se são tão boas que não se sabe o que mais desejar nelas? O que lhes falta é que o Senhor as tenha feito gostar das ternuras de seu amor, que as tenha admitido às intimidades ocultas, inexplicáveis, que transformam e divinizam a pobre criatura que, ao ver-se tão amada por Deus, não lhe sobra mais que a admiração e o silêncio, desejo ardente de que todos provem estas divinas delícias, uma vez que depois já não lhe apetecem outras coisas e logo perde o gosto por tudo o mais.
Almas boas, almas santas!...Todas as que sentem ânsias de Deus, da perfeição, de ir adiante nos caminhos do Senhor. Almas santas sois pois por tais os tem o Coração de Jesus. Mas Ele sofre por não poder estreitá-los contra seu peito, fazê-los experimentar seus abraços divinos. E não pode. Se encontra detido por vossa pusilanimidade.
Deste Fogo Divino está encarregada a Virgem Maria de distribuí-lo e comunicá-lo às almas. Quanto não deverá sofrer esta Mãe de amor e misericórdia ao ver quão pouco é o que impede a tantas almas o ser incendiadas e por esse Fogo abrasadas e transformadas em Jesus, seu Divino Filho?
Senhor, permita que, em união com Maria, me compadeça de tua dor na sede de amor que te consome! Quanto sofres pelas almas! E só pelas más, mas também pelas boas, pelas que são teu povo escolhido.
«Todos os caminhos do Senhor são misericórdia e verdade, graça e fidelidade» Sl 24, 10
Sede perfeitos, sede santos, nos diz a todos sem exceção o Senhor. Sabia bem Deus a quem dava este preceito, pois somos suas criaturas, obra de suas mãos: ‘Tuas mãos me fizeram e me plasmaram’ (Jó 10, 8). Embora as condições humanas sejam tão diversas, Deus não faz nenhuma exceção e nos diz a todos igualmente: Sede santos. Se em meio a tão diversas situações como nos encontramos, Deus, Sabedoria por essência, nos manda a todos ser santos sem fazer distinção, não há de ser a santidade tão difícil como à primeira vista parece.
Se os santos são poucos é porque a maior parte dos cristãos não tem um conhecimento exato da santidade. ‘As vias do Senhor são todas misericórdia e verdade’ (Sl 24, 10). Somente por falta de uma segura convicção de que são estes unicamente os caminhos de Deus, é que muitas almas não chegam à santidade.
As misericórdias do Senhor são sem número e Ele as derramou sem medida nos caminhos por onde Ele mesmo nos manda caminhar para ir até Ele.
Deus é Verdade. Seu Reino está fundado na verdade, só pode reinar nas almas que andam em verdade. Andar em verdade quer dizer estimar a santidade pelo que ela é e não pelo que imaginamos que seja. Assim não pareceria a muitos tão difícil alcançá-la.
Estejamos certos de que nesses formosos caminhos de santidade, traçados pelas paternais mãos de Deus, cheios todos de luz, de misericórdia e de verdade, não há as dificuldades que parece haver. Somos nós que os fazemos difíceis por não conhecê-los bem. Se se conhecesse com todos os seus atrativos, então os santos seriam coisa comum. Especialmente entre religiosos que vivem em um estado mais propício à santidade e também entre os leigos que não vivem segundo as máximas do mundo, senão que colocam acima de tudo os seus interesses eternos, buscando a Deus e sua justiça.
Por que não é assim? Por que são tão poucas as pessoas cheias do Espírito de Deus, junto às quais se respira santidade? O que falta a tantas almas boas para que exalem esse perfume celestial e atraiam a todos os que se aproximam, levando-os a Deus? O que lhes falta se são tão boas que não se sabe o que mais desejar nelas? O que lhes falta é que o Senhor as tenha feito gostar das ternuras de seu amor, que as tenha admitido às intimidades ocultas, inexplicáveis, que transformam e divinizam a pobre criatura que, ao ver-se tão amada por Deus, não lhe sobra mais que a admiração e o silêncio, desejo ardente de que todos provem estas divinas delícias, uma vez que depois já não lhe apetecem outras coisas e logo perde o gosto por tudo o mais.
Almas boas, almas santas!...Todas as que sentem ânsias de Deus, da perfeição, de ir adiante nos caminhos do Senhor. Almas santas sois pois por tais os tem o Coração de Jesus. Mas Ele sofre por não poder estreitá-los contra seu peito, fazê-los experimentar seus abraços divinos. E não pode. Se encontra detido por vossa pusilanimidade.
Deste Fogo Divino está encarregada a Virgem Maria de distribuí-lo e comunicá-lo às almas. Quanto não deverá sofrer esta Mãe de amor e misericórdia ao ver quão pouco é o que impede a tantas almas o ser incendiadas e por esse Fogo abrasadas e transformadas em Jesus, seu Divino Filho?
Senhor, permita que, em união com Maria, me compadeça de tua dor na sede de amor que te consome! Quanto sofres pelas almas! E só pelas más, mas também pelas boas, pelas que são teu povo escolhido.
A santidade é simples-Parte II
O QUE PEDE O SENHOR
O que pede Jesus às almas? Amor! ‘Se alguém me ama, meu Pai o amará e viremos a ele e nele faremos nossa morada’ (Jo 14, 23).
Se me amas... Eis aqui a única condição que nos pede o Senhor para sermos amados e visitados por Ele, para vir a nossa alma e estabelecer nela a sua morada. Isso é a verdadeira santidade: união com Deus. E esta união só se realiza amando. Amor é a única coisa que o Senhor nos pede para poder realizá-la.
A maior parte das pessoas boas e também dos religiosos, se fixam mais no acidental da santidade que no essencial, que é esta união da alma com Deus. Bem entendida esta verdade, se simplifica sumamente e se faz mais fácil o trabalho da própria santificação. Quanto trabalha e que pouco se adianta quem que não dá a esta verdade a importância que merece e se dedica a obras exteriores, trabalhos, fadigas e penas. Esses meios nem sempre são necessários para se chegar ao fim que se busca: a santidade.
Na teoria, todos sabem e dizem que é assim. Mas na prática, são muito poucos os que conhecem e entendem que a santidade é coisa tão íntima e secreta que alguém pode ser santo e muito santo sem que nada apareça de extraordinário em seu exterior.
A maioria das pessoas, embora piedosas, quando ouvem falar que alguém é ‘um santo’, se sentem movidas pelo desejo de vê-lo, e o observam para comprovar se, como os demais, come, dorme e fala. Que mentirosos são os homens em seus louvores! ‘Como um sopro são os homens; uma mentira os filhos dos homens’ (Sl 61, 10). Coisa boa é ver e desejar, conhecer e viver com pessoas santas. Mas a maior parte que tem este desejo, o tem por carecer de um conhecimento exato do que é a santidade. É uma curiosidade inútil pois de nada lhes servirá; e bem o demonstram as suas obras depois de satisfeito seu desejo.
Se estivéssemos convencidos de que a santidade é algo espiritual, interior, íntimo, como é a união de nossa alma com Deus, não haveria tanto afã como há por estas exterioridades e por querer medir, segundo estas, a maior ou menor santidade.
Quão bom e necessário é pedir a miúdo ao Senhor que nos mostre seus caminhos e nos ensine os meios que a ele conduzem: ‘Mostra-me, Senhor, os teus caminhos; adestra-me em tuas sendas’ (Sl 24, 4). Quantos poderiam voar pela via do amor e ser logo admitidos às intimidades do Senhor, se se despojassem dessas idéias errôneas. Quão bom e quão agradável seria a Deus que todos disséssemos frequentemente, do mais fundo do coração: Senhor, me bastam vossos divinos ensinamentos, os exemplos que por Vós mesmo e por vossos santos me haveis dado para conhecer o caminho que hei de seguir para santificar-me. Bastam-me os infinitos prodígios que fizestes para atrair-me ao vosso amor. Permanecestes escondido sob a cortina da fé nas humilhações de vossa Paixão e Morte no Sacramento do altar, nas ocultas operações de vossa graça na santificação das almas.
Já fizestes bastante, já nos destes provas suficientes de vosso amor que nos obriguem a amá-Lo.
Já creio, Jesus meu, creio em vosso amor por mim e vos amo com todo o meu coração. Eu vos amo e quero amar-vos, servir-vos e adorar-vos em ‘espírito e verdade’, tomando por guia vosso Santo Evangelho e por companheiros de meu caminho a Fé e o Amor.
A Fé e o Amor descobrirão então grandes prodígios, sem necessidade de ir buscá-los longe. Assistindo a Missa, em menos de meia hora, se realizarão ante nossos olhos os mais estupendos prodígios que possa fazer um Deus. À voz de uma pobre criatura, descerá o Verbo Eterno do mais alto dos céus para morrer misticamente outra vez, como sobre o Calvário, Vítima de nossos pecados, para fazer-se nosso alimento e permanecer em sua prisão de amor, e ser nosso companheiro, nosso guia, nossa luz no difícil caminho da vida.
Se me amas... Eis aqui a única condição que nos pede o Senhor para sermos amados e visitados por Ele, para vir a nossa alma e estabelecer nela a sua morada. Isso é a verdadeira santidade: união com Deus. E esta união só se realiza amando. Amor é a única coisa que o Senhor nos pede para poder realizá-la.
A maior parte das pessoas boas e também dos religiosos, se fixam mais no acidental da santidade que no essencial, que é esta união da alma com Deus. Bem entendida esta verdade, se simplifica sumamente e se faz mais fácil o trabalho da própria santificação. Quanto trabalha e que pouco se adianta quem que não dá a esta verdade a importância que merece e se dedica a obras exteriores, trabalhos, fadigas e penas. Esses meios nem sempre são necessários para se chegar ao fim que se busca: a santidade.
Na teoria, todos sabem e dizem que é assim. Mas na prática, são muito poucos os que conhecem e entendem que a santidade é coisa tão íntima e secreta que alguém pode ser santo e muito santo sem que nada apareça de extraordinário em seu exterior.
A maioria das pessoas, embora piedosas, quando ouvem falar que alguém é ‘um santo’, se sentem movidas pelo desejo de vê-lo, e o observam para comprovar se, como os demais, come, dorme e fala. Que mentirosos são os homens em seus louvores! ‘Como um sopro são os homens; uma mentira os filhos dos homens’ (Sl 61, 10). Coisa boa é ver e desejar, conhecer e viver com pessoas santas. Mas a maior parte que tem este desejo, o tem por carecer de um conhecimento exato do que é a santidade. É uma curiosidade inútil pois de nada lhes servirá; e bem o demonstram as suas obras depois de satisfeito seu desejo.
Se estivéssemos convencidos de que a santidade é algo espiritual, interior, íntimo, como é a união de nossa alma com Deus, não haveria tanto afã como há por estas exterioridades e por querer medir, segundo estas, a maior ou menor santidade.
Quão bom e necessário é pedir a miúdo ao Senhor que nos mostre seus caminhos e nos ensine os meios que a ele conduzem: ‘Mostra-me, Senhor, os teus caminhos; adestra-me em tuas sendas’ (Sl 24, 4). Quantos poderiam voar pela via do amor e ser logo admitidos às intimidades do Senhor, se se despojassem dessas idéias errôneas. Quão bom e quão agradável seria a Deus que todos disséssemos frequentemente, do mais fundo do coração: Senhor, me bastam vossos divinos ensinamentos, os exemplos que por Vós mesmo e por vossos santos me haveis dado para conhecer o caminho que hei de seguir para santificar-me. Bastam-me os infinitos prodígios que fizestes para atrair-me ao vosso amor. Permanecestes escondido sob a cortina da fé nas humilhações de vossa Paixão e Morte no Sacramento do altar, nas ocultas operações de vossa graça na santificação das almas.
Já fizestes bastante, já nos destes provas suficientes de vosso amor que nos obriguem a amá-Lo.
Já creio, Jesus meu, creio em vosso amor por mim e vos amo com todo o meu coração. Eu vos amo e quero amar-vos, servir-vos e adorar-vos em ‘espírito e verdade’, tomando por guia vosso Santo Evangelho e por companheiros de meu caminho a Fé e o Amor.
A Fé e o Amor descobrirão então grandes prodígios, sem necessidade de ir buscá-los longe. Assistindo a Missa, em menos de meia hora, se realizarão ante nossos olhos os mais estupendos prodígios que possa fazer um Deus. À voz de uma pobre criatura, descerá o Verbo Eterno do mais alto dos céus para morrer misticamente outra vez, como sobre o Calvário, Vítima de nossos pecados, para fazer-se nosso alimento e permanecer em sua prisão de amor, e ser nosso companheiro, nosso guia, nossa luz no difícil caminho da vida.
A santidade é simples - Parte III
A santidade é simples-Parte III
DISPONHAMOS A ALMA
Quando deixar a matéria do corpo, nosso espírito, livre de erro e mentira, conhecerá tal como é em Deus em verdade; então, veremos quanto nos equivocamos em julgar segundo as aparências ou conforme o sentir humano. Conheceremos então, quanta diferença haverá no grau de santidade entre aqueles a quem vimos praticar o que todos praticam, entre aqueles que levaram uma vida de sacrifícios, que moraram na mesma casa ou na mesma religião.
Abramos os olhos porque, todavia, ainda há tempo; mas esse tempo é curto. A graça não nos falta e não falta a ninguém. Está em nossas mãos se quisermos. Que não se diga de nós o que disse o Apóstolo São João: ‘A luz resplandece em meio às trevas e as trevas não Lhe receberam’ (Jo 1, 5). Todos os que andam em erro andam em trevas. Deus manda sua Luz não para iluminar somente alguns, mas para todo homem que vem a este mundo. Recebamo-la, pelo menos nós, seu povo escolhido. Que não se aplique a nós essa amarga repreensão do Apóstolo: ‘veio a sua própria casa e os seus não o receberam’(Jo 1, 11).
Receber ao Senhor é abrir os olhos e aceitar a verdade. Uma vez recebida a verdade, Deus está em sua casa. As coisas espirituais se hão de julgar segundo o espírito e não segundo os sentidos. A fé nos levará até Deus. E Ele, que nada deseja tanto quanto revelar-nos estes mistérios de amor e de verdade, logo dirá com sua voz criadora às trevas que obscurecem nossa alma: ‘Faça-se a Luz’ (Gn 1, 3). E tudo ficará iluminado ante nossos olhos e se nos apresentarão em seguida as coisas sob um aspecto muito
diferente.
O que a nós pertence no trabalho de nossa santificação é dispor nossa alma para a união com Deus. Este trabalho não é tão difícil como parece, se se entende bem. A muitos parece muito difícil por acreditarem que é preciso fazer muito, e por isso desanimam e não conseguem entregar-se a ele com a generosidade necessária. Mas não é assim. Em vez de ter que acrescentar ao que fazíamos, tem que ir tirando os impedimentos para que Deus possa fazer o que fazíamos. Pois aqui se fala daqueles que já praticam obras boas e daqueles em que não há nada grave que se tire.
Não tenhamos medo. Jesus é Bom, quer amor e deixa cada um seguir as suas inclinações, suas tendências e atrativos naturais e adquiridos.
Suave é o Senhor em sua obra. Em nada violentará a nossa vontade. Embora nos queira todos para si, o fará com uma suavidade tal que apenas nos daremos conta de que é a sua mão divina que opera em nós.
O que Ele quer é que em tudo o que façamos vamos pouco a pouco suprimindo o defeituoso, o imperfeito; e isso o Espírito do Senhor nos irá mostrando à medida que façamos a nossa parte.
J. Pastor
“La Santidad es amor”
Libro I, pp. 21-24
Eds.Anaya, Salamanca, 1973
fonte:A Voz do Silêncio
Abramos os olhos porque, todavia, ainda há tempo; mas esse tempo é curto. A graça não nos falta e não falta a ninguém. Está em nossas mãos se quisermos. Que não se diga de nós o que disse o Apóstolo São João: ‘A luz resplandece em meio às trevas e as trevas não Lhe receberam’ (Jo 1, 5). Todos os que andam em erro andam em trevas. Deus manda sua Luz não para iluminar somente alguns, mas para todo homem que vem a este mundo. Recebamo-la, pelo menos nós, seu povo escolhido. Que não se aplique a nós essa amarga repreensão do Apóstolo: ‘veio a sua própria casa e os seus não o receberam’(Jo 1, 11).
Receber ao Senhor é abrir os olhos e aceitar a verdade. Uma vez recebida a verdade, Deus está em sua casa. As coisas espirituais se hão de julgar segundo o espírito e não segundo os sentidos. A fé nos levará até Deus. E Ele, que nada deseja tanto quanto revelar-nos estes mistérios de amor e de verdade, logo dirá com sua voz criadora às trevas que obscurecem nossa alma: ‘Faça-se a Luz’ (Gn 1, 3). E tudo ficará iluminado ante nossos olhos e se nos apresentarão em seguida as coisas sob um aspecto muito
diferente.
O que a nós pertence no trabalho de nossa santificação é dispor nossa alma para a união com Deus. Este trabalho não é tão difícil como parece, se se entende bem. A muitos parece muito difícil por acreditarem que é preciso fazer muito, e por isso desanimam e não conseguem entregar-se a ele com a generosidade necessária. Mas não é assim. Em vez de ter que acrescentar ao que fazíamos, tem que ir tirando os impedimentos para que Deus possa fazer o que fazíamos. Pois aqui se fala daqueles que já praticam obras boas e daqueles em que não há nada grave que se tire.
Não tenhamos medo. Jesus é Bom, quer amor e deixa cada um seguir as suas inclinações, suas tendências e atrativos naturais e adquiridos.
Suave é o Senhor em sua obra. Em nada violentará a nossa vontade. Embora nos queira todos para si, o fará com uma suavidade tal que apenas nos daremos conta de que é a sua mão divina que opera em nós.
O que Ele quer é que em tudo o que façamos vamos pouco a pouco suprimindo o defeituoso, o imperfeito; e isso o Espírito do Senhor nos irá mostrando à medida que façamos a nossa parte.
J. Pastor
“La Santidad es amor”
Libro I, pp. 21-24
Eds.Anaya, Salamanca, 1973
fonte:A Voz do Silêncio