quarta-feira, 16 de junho de 2010

Venerável Papa Pio XII: consideramos como ofício precípuo do nosso supremo ministério o esforçarmo-nos por que se torne cada vez mais eficaz o trabalho dos sagrados pastores e dos sacerdotes, que devem guiar o povo cristão para que evite o mal, vença os perigos e alcance a santidade.De modo algum, porém, será possível que o ministério sacerdotal consiga plenamente seu fim, de forma a corresponder adequadamente às necessidades do nosso tempo, se os sacerdotes não brilham no meio do povo por insigne santidade, como dignos "ministros de Cristo", e fiéis "dispenseiros dos mistérios de Deus" (1Cor 4,1), eficazes "auxiliares de Deus" (1Cor 3,9), preparados para toda boa obra (2Tm 3,17).


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EXORTAÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA PIO XII

MENTI NOSTRAE

AO CLERO DO MUNDO CATÓLICO
SOBRE A SANTIDADE DA VIDA SACERDOTAL





A todo o clero,
em paz e comunhão com a Sé Apostólica



INTRODUÇÃO

Vozes que não se perdem

1. Em nosso espírito repercute sempre a palavra do divino Redentor, dirigida a Pedro: "Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?... Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21,15.17), e a do mesmo príncipe dos apóstolos, que exorta os bispos e sacerdotes do seu tempo: "Guiai o rebanho de Deus, que está entre vós, tende cuidado dele, tornando-vos sinceramente exemplares do rebanho" (1Pd 5,2.3).

A principal necessidade do nosso tempo

2. Meditando atentamente essas palavras, consideramos como ofício precípuo do nosso supremo ministério o esforçarmo-nos por que se torne cada vez mais eficaz o trabalho dos sagrados pastores e dos sacerdotes, que devem guiar o povo cristão para que evite o mal, vença os perigos e alcance a santidade. É essa, realmente, a principal necessidade do nosso tempo, em que os povos, em conseqüência da recente e tremenda guerra, não somente se vêem assoberbados por graves dificuldades materiais, mas estão também espiritualmente perturbados, enquanto os inimigos do nome cristão, que as condições em que se encontra a sociedade tornaram mais insolentes, com ódio satânico e insídias sutis se esforçam por afastar os homens de Deus e do seu Cristo.

Paternal solicitude pelos sacerdotes

3. A necessidade de uma restauração cristã, que todos os bons reclamam, impele-nos a voltar o nosso pensamento e o nosso afeto de modo especial para os sacerdotes de todo o mundo, porque sabemos que é sobretudo a humilde, vigilante e fervorosa ação destes, que vivem no meio do povo e conhecem suas dificuldades, aflições e angústias espirituais e materiais, que pode renovar, com os preceitos evangélicos, os costumes de todos e estabelecer na terra o reino de Jesus Cristo, "reino de justiça, de amor e de paz".(1)

4. De modo algum, porém, será possível que o ministério sacerdotal consiga plenamente seu fim, de forma a corresponder adequadamente às necessidades do nosso tempo, se os sacerdotes não brilham no meio do povo por insigne santidade, como dignos "ministros de Cristo", e fiéis "dispenseiros dos mistérios de Deus" (1Cor 4,1), eficazes "auxiliares de Deus" (1Cor 3,9), preparados para toda boa obra (2Tm 3,17).

Manifestação de reconhecimento

5. Julgamos, por isso, que de nenhum modo podemos melhor manifestar o nosso reconhecimento aos sacerdotes do mundo inteiro, os quais nos deram testemunho do seu amor elevando preces a Deus por motivo do qüinquagésimo aniversário do nosso sacerdócio, do que endereçando a todo o clero uma paternal exortação à santidade, sem a qual o ministério a ele confiado não poderá ser fecundo. O ano santo, que anunciamos com a esperança de um geral saneamento dos costumes segundo os ensinamentos do evangelho, desejamos que traga, como primeiro fruto, que aqueles que são os guias do povo cristão cuidem com o maior empenho da própria santificação, porque assim estará assegurada a renovação dos povos no espírito de Jesus Cristo.

6. Deve-se, no entanto, recordar que, se as crescentes necessidades da sociedade cristã exigem hoje com mais premência a perfeição interna dos sacerdotes, estes, pela mesma natureza íntima do altíssimo ministério que Deus lhes confiou, já estão obrigados a procurar, sempre e em toda parte, indefessamente, a própria santificação.