O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, “lugar icónico” da cidade de Évora, era o único mosteiro contemplativo masculino de Portugal.
Os quatro monges cartuxos que viviam num mosteiro em Évora e que vão mudar-se para Espanha despediram-se hoje da comunidade, com abertura de clausura, passando o espaço religioso a ser ocupado por uma congregação feminina.
O Convento da Cartuxa Scala Coeli (Escada do Céu), situado na periferia da cidade alentejana, vai ser ocupado por monjas do Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará, segundo anunciou hoje o arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho.
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Estas monjas, ligadas à Família Religiosa do Verbo Encarnado, “vão vir para a nossa Cartuxa” e “vão ficar connosco a dar vida a esta comunidade”, afirmou o prelado alentejano, em declarações divulgadas pela arquidiocese.
“Fiquei muito contente, porque aguardava a palavra da Santa Sé”, que foi a “de aceitar a minha decisão sem pôr qualquer obstáculo a que transformássemos a Cartuxa numa comunidade monástica feminina”, congratulou-se.
Indicando ser um “número interessante” de monjas que vai ocupar o Convento da Cartuxa, o arcebispo salientou, contudo, que, neste momento, não sabe o número exacto, mas, pela informação que dispõe, “nunca serão menos do que sete”.
Quanto à despedida dos cartuxos, o programa arrancou no domingo, dia em que se celebrou a solenidade do seu fundador, S. Bruno, terminando hoje na igreja renascentista do Mosteiro da Cartuxa Scala Coeli com a clausura aberta a todos os fiéis.
Os quatro monges da Cartuxa de Évora, dois octogenários e dois nonagenários, vão mudar-se para outro mosteiro, em Barcelona (Espanha), devido à sua idade e à falta de vocações.
Senra Coelho indicou que a congregação feminina que vai ocupar o mosteiro foi fundada em 1988 e que a sua casa geral permanece na Via Della Pisana 332, em Roma, Itália, sendo constituída por “1350 [monjas], espalhadas pelo mundo, com vocação missionária”.
Segundo o arcebispo, será necessário realizar obras no edifício religioso, nomeadamente “rever as celas e cuidar de alguns pormenores”, pois “a Cartuxa é marcadamente masculina e, agora, vai passar a ser para senhoras”.
Está prevista a criação de uma hospedaria para pessoas “passarem dias com elas, rezarem, fazerem silêncio, fazerem a experiência da peregrinação interior, tentar descobrir a beleza do amor de Deus, de fazerem, assim, também, vida monástica por alguns dias”, adiantou.