domingo, 14 de fevereiro de 2010

Carta Pastoral Castidade, Humildade, Penitência – Dom Antônio de Castro Mayer.


DOM ANTÔNIO DE CASTRO MAYER

CARTA PASTORAL

CASTIDADE, HUMILDADE, PENITÊNCIA,

Características do cristão,

Alicerces da ordem social

15 de agosto de 1963

As raízes da crise progressista

A Igreja se prepara para a realização da segunda fase das assembléias gerais do II Concílio Ecumênico do Vaticano. De fato, uma das primeiras resoluções de S.S. o Papa Paulo VI, gloriosamente reinante, foi a de continuar o Concílio iniciado pelo seu venerando antecessor, de saudosa memória, João XXIII; e marcou, para reinício dos trabalhos, o dia 29 de setembro, XVII domingo depois de Pentecostes e festa de S. Miguel Arcanjo. Estamos, assim, em vésperas do prosseguimento do maior acontecimento deste século.

Com efeito, este Concílio deverá não só revigorar a unidade da Igreja, mediante resoluções que tornem a adesão aos dogmas da Fé mais plena, mais ardente, mais viva, com a conseqüente plenitude na prática da Moral cristã e integridade da disciplina eclesiástica, mas, além disso, e através disso, deverá ainda o Concílio procurar obter a unidade de todos os povos no redil do único pastor de almas, Nosso Senhor Jesus Cristo, sob a direção de seu Vigário na terra, o Santo Padre, o Papa. Tarefa ingente e de importância singular na História.

De importância e gravidade. Porque, podemos facilmente perceber que este Concílio não pode deixar de atingir os nobres fins colimados pelo Papa que o convocou. O contrário acarretaria para a Igreja e a humanidade conseqüências imprevisíveis. Uma vez reunido, ou ele fortalece os vínculos da Fé, e torna mais viva a prática da caridade, de maneira a mostrar a Igreja na sua verdadeira face, como “signum levantum in nationes” (Conc. Vat. I, s. III, c. 3), que a todos os povos afirme a verdade e excelência da Revelação de Jesus Cristo; ou a decepção geral será tão grande, que seria difícil imaginar maior.

Podemos dizer que o futuro da humanidade e, em certa medida, da própria Igreja, depende deste Concílio Ecumênico.

Em tais circunstâncias, vedes bem, amados filhos, o peso da responsabilidade minha, de cada um de voz, caríssimos Padres seculares e regulares, de cada um de vós, queridas ovelhas, com relação ao Concílio Ecumênico. Incumbe-nos a todos, empenhar os meios que a Providência põe em nossas mãos, para dar ao Concílio a melhor e mais eficaz cooperação, a fim de que não seja culpa nossa uma eventual diminuição de graças divinas sobre os trabalhos e as resoluções conciliares.

Falando-vos, amados filhos, antes da primeira fase das assembléias gerais deste concílio, dizíamos-vos que o Concílio é obra da graça; que seus frutos dependem menos dos homens envolvidos nele, do que das luzes e forças do Espírito Santo, que infunde nos Padres conciliares a apetência das coisas retas e a prudência das conclusões mais eficazes e oportunas, para a glória de Deus, a exaltação da Santa Igreja e o bem das almas. Ora, dizíamos então, os auxílios do Espírito Paráclito condicionam-se, em grande parte, às nossas orações e boas obras.

Hoje, repetimos a mesma verdade. De maneira que o Concílio poderá ter fruto maior ou menor, de acordo com a intensidade e o valor dos gemidos que elevarmos até os paramos celestes, para implorar sobre os padres conciliares as luzes e as energias divinas.

É com intenção de preparar melhor Nossas queridas ovelhas, a grei que Nosso Senhor Nos confiou, que pretendemos entreter-Nos convosco, amados filhos, sobre o assunto da Encíclica “Poenitentiam agere”, publicada pelo Santo Padre João XXIII, em 1º de julho do ano findo, poucos meses antes de se abrir o II Concílio Ecumênico do Vaticano, para cuja feliz realização deveria concorrer.

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Escrito por G. M. Ferretti

fonte:fratres in unum