Não obstante a chuva que batia forte esta manhã em Roma, um número consistente
de fiéis e peregrinos de várias partes do mundo congregou-se na Praça de São
Pedro, para ouvir ao meio dia, as habituais palavras do Santo Padre e recitar
com ele a oração do Angelus.
Bento XVI partiu das leituras deste
domingo, tiradas do primeiro Livro dos Reis e do Evangelho de São Marcos, para
levar quantos o escutavam a uma reflexão sobre a unidade inquebrável entre fé e
caridade, entre o amor a Deus e o amor ao próximo.
Essas duas leituras
apresentam, de facto, em paralelo, a figura de duas viúvas, ambas muito pobres,
mas precisamente através da sua pobreza demonstram uma grande fé em Deus. A
primeira é aquela a quem o profeta Elias, enviado pelo Senhor em tempo de
carestia a Sidone, pede água e um pouco de pão. Ela responde que só tem um pouco
de farinha e uma gota de óleo, mas dado que o profeta lhe garante que se ouvir
as suas palavras, farinha e óleo não lhe faltarão, ela satisfaz o pedido e é
recompensada.
A segunda viúva é a que é vista por Jesus no templo de
Jerusalém. Jesus repara que embora ela fosse pobre, as duas moedinhas que deu
como oferta no templo é, em substância, muito maior do que a oferta dos ricos
que dão só o que têm de supérfluo. Ela deu “tudo o que tinha para viver” .
Destes dois episódios bíblicos – disse o Papa – pode-se tirar uma
preciosa lição sobre a fé:
“Esta aparece como uma atitude interior de
quem fundamenta a própria vida em Deus, na sua Palavra, e confia totalmente
Nele”
Essas duas viúvas viviam em extrema pobreza, por isso Jesus
dava uma particular atenção às viúvas e órfãos, mas - frisa o Papa – ser pobre
não é uma condição suficiente para isso.
“Deus pede sempre a nossa
livre adesão à fé, que se exprime no amor para com Ele e para com o próximo”
.
E o Papa acrescenta que fé e caridade são inseparáveis, tanto é que as
duas viúvas, movidas pela fé e confiança em Deus, dão o que têm, pois que
ninguém é tão pobre ao ponto de não poder dar nada. O gesto delas é uma
confirmação da unidade entre fé e caridade.
“Nenhum gesto de bondade
é privo de sentido perante Deus, nenhuma misericórdia permanece sem frutos”
E o Papa concluiu recordando que a Virgem Maria é o exemplo perfeito de
quem oferece todo o seu ser, confiando em Deus; com essa fé disse ao Anjo
“Eis-me aqui”.
“Maria ajude também a cada um de nós, neste Ano da Fé,
a reforçar a fé, em Deus e na sua Palavra.”
Depois da oração do
Angelus o Papa saudou os peregrinos em várias línguas, recordando a beatificação
sábado em Spoletto (Sul da Itália) de Maria Luísa Prosperi, monja beneditina que
viveu em meados do século XIX. Bento XVI recordou ainda que hoje na Itália se
celebra “O dia do Agradecimento” a Deus pelos frutos da terra, e dirigiu uma
saudação especial aos agricultores. Ainda em italiano o Pontífice saudou os
participantes no colóquio que se realizou sexta e sábado na Pontifícia
Universidade Gregoriana sobre Teilhard de Chardin e os desafios antropológicos
de hoje.
Em polaco o Papa saudou de modo particular um grupo de
peregrinos polacos vindo da Bulgária. Referiu-se à festa da independência da
Polónia que hoje se celebra, recordando a fé dos Pais da independência, a
história, e a força do Espírito das novas gerações. Pondo em realce a iniciativa
da Associação “Ajuda à Igreja que Sofre”, Bento XVI disse ainda apoiar as
orações desses peregrinos a favor dos cristãos do Egipto, por ocasião da Jornada
de Solidariedade para com a Igreja perseguida. A todos vos bendigo de coração.
- E senti o espírito inundado por um mistério de luz que é Deus e N´Ele vi e ouvi -A ponta da lança como chama que se desprende, toca o eixo da terra, – Ela estremece: montanhas, cidades, vilas e aldeias com os seus moradores são sepultados. - O mar, os rios e as nuvens saem dos seus limites, transbordam, inundam e arrastam consigo num redemoinho, moradias e gente em número que não se pode contar , é a purificação do mundo pelo pecado em que se mergulha. - O ódio, a ambição provocam a guerra destruidora! - Depois senti no palpitar acelerado do coração e no meu espírito o eco duma voz suave que dizia: – No tempo, uma só Fé, um só Batismo, uma só Igreja, Santa, Católica, Apostólica: - Na eternidade, o Céu! (escreve a irmã Lúcia a 3 de janeiro de 1944, em "O Meu Caminho," I, p. 158 – 160 – Carmelo de Coimbra)