domingo, 11 de novembro de 2012

Do discurso do Papa Bento XVI à Associação Italiana Santa Cecília – 10 de outubro de 2012: “Empenhar-vos em melhorar a qualidade do canto litúrgico, sem medo de restaurar e valorizar a grande tradição musical da Igreja”.

 
Mesmo nos países de antiga evangelização, como a Itália, a música sacra pode ter, e de fato tem, um papel relevante, para favorecer a redescoberta de Deus, uma abordagem renovada à mensagem cristã e aos mistérios da fé. Pensemos na célebre experiência de Paul Claudel, que se converteu ao ouvir o canto do Magnificat durante as vésperas de Natal na Catedral de Notre Dame, em Paris: “Naquele momento – escreve ele – aconteceu o fato que domina a minha vida. Em um instante, o meu coração foi tocado e eu acreditei. Acreditei com uma força de adesão tão grande, com uma tal elevação de todo o meu ser, com uma convicção tão poderosa, com uma certeza que não deixava margem a nenhuma espécie de dúvida que, desde então, nenhum raciocínio, em nenhuma circunstância da minha vida agitada, puderam abalar a minha fé, nem tocá-la”. Mas, sem recorrer a personagens ilustres, pensemos em quantas pessoas foram tocadas no fundo da alma ouvindo a música sacra; e, ainda mais, quantos se sentiram novamente atraídos para a beleza da música litúrgica como Claudel. E aqui, caros amigos, vós tendes um papel importante: empenhar-vos em melhorar a qualidade do canto litúrgico, sem medo de restaurar e valorizar a grande tradição musical da Igreja, que no canto gregoriano e na polifonia tem duas das expressões mais elevadas, como afirma o próprio Concílio Vaticano II (cf. Sacrosanctum Concilium, 116).
E gostaria de enfatizar que a participação ativa de todo o Povo de Deus na liturgia não consiste só no falar, mas também no escutar, no acolher com os sentidos e com o espírito a Palavra, e isso também se aplica à música litúrgica. Vós, que tendes o dom do canto, podeis fazer cantar os corações de muitas pessoas nas celebrações litúrgicas.