terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

SANTO PADRE PIO XII PARA RECORDAR UM GRANDE HOMEM









Por motivo da celebração, no próximo dia 9 de Outubro, do 52.° Aniversário da Morte do Papa Pio XII, ganham destaque as declarações sobre a sua importância para a vida da Igreja.
L'Osservatore Romano traz, , declarações a propósito da importância do Magistério do Papa Pacelli, por parte de D. Rino Fisichella, Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, e do Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado.

Segundo explica D. Fisichella, Pio XII «soube
responder originalmente às questões do seu tempo», e o seu Magistério é chave para entender o desenvolvimento posterior do Concílio Vaticano II.
De facto, explicou:
«Nos Documentos conciliares podem-se encontrar, pelo menos, 251 referências explícitas ao seu Magistério», não só às suas 43 Encíclicas, mas também
«aos numerosos discursos, com os quais enfrentou os temas mais controversos de sua época».

«Segundo declarou o Cardeal Bea, uma das figuras mais importantes do Concílio, "deverão passar dezenas de anos, para não dizer séculos, antes que a gigantesca obra de Pio XII seja estimada no seu justo valor", pois a sua Doutrina "constituiu o fundamento do próprio Concílio, abrindo-se a todos os problemas da humanidade contemporânea" »
, citou o Reitor da Lateranense.
D. Fisichella citou, por exemplo, a Encíclica Munificentissimus Deus, que estabeleceu o dogma da Assunção de Nossa Senhora.
Nela,
«Pio XII recolheu o inteiro ensinamento bíblico, patrístico e a grande tradição teológica; a verdadeira inovação, contudo, é a referência à Fé viva do Povo de Deus.
«A centralidade Cristológica, na hora de estabelecer o Dogma mariano»
, acrescenta, anteciparia as linhas fundamentais da Lumen Gentium
sobre o Mistério da Virgem Maria na História da Salvação.

Outro documento transcendental, relata D. Fisichella, foi a Encíclica Divino afflante Spiritu, com a qual deu «grande impulso à leitura da Sagrada Escritura e à promoção dos estudos bíblicos», especialmente com a descrição do «género literário».
«Numa palavra, é suficiente tomar nas mãos a "Dei Verbum" para verificar como muito deste material confluiu no Magistério conciliar».

Também o Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, destacou a importância do ensinamento de Pio XII sobre os problemas do seu tempo.
«Quer-se fazer do Papa Pacelli um ‘político’, em guerra com duas ideologias consideradas comumente nefastas, de Estado, para perpetrar continuamente actos contrários à pessoa e à sociedade».

«Pio XII sempre pensou que não era a Igreja que tinha inimigos, mas que eram os inimigos do homem», acrescentou o Purpurado.
«Através das suas muitas encíclicas, este Santo Padre emanou importantes normas doutrinais, deu novo impulso à actividade missionária, e afirmou os direitos da mulher em muitos campos, inclusive no político e no jurídico».

O Cardeal Bertone destacou também, como já fez em várias ocasiões, o trabalho do Papa Pacelli a favor dos judeus perseguidos durante o Holocausto.
É
«profundamente injusto» censurar a obra de Pio XII durante a Guerra, «esquecendo não só o contexto histórico, mas também a imensa Obra caritativa que ele promoveu»
, concluiu.


UM HOMEM SANTO, UM HOMEM SÓ

Pio XII revela uma simetria quase homónima de piedade.
E, de facto, a sua santidade é unanimemente reconhecida.
Cultivou sempre o recolhimento, a humildade, a simplicidade, a interioridade, a pureza, a ascese, a renúncia e o despojamento.

Durante os anos de Sumo Pontificado, não dormia mais de quatro horas por noite.
Recusava os confortos materiais, como o aquecimento no Inverno.
Passava muitas horas, do dia e da noite, em diálogo orante com o Senhor.
Chegou a ser visto, em plena noite, pelo futuro Santo Padre Paulo VI, em oração junto dos túmulos dos Sumos Pontífices, na Basílica de S. Pedro.

Cultivava convictamente a solidão.
O seu Confessor, Cardeal Agostino Bea, descreve Pio XII como
«um homem solitário, na sua grandeza e no seu sentido de responsabilidade, e deste modo, era também solitário na sua austeridade e vida pessoal».

A sua devoção a Nossa Senhora e a sua piedade eucarística foram sempre dois sustentáculos da sua conduta.
Mesmo na doença, tinha consigo os livro dos
Exercícios Espirituais de Santo Inácio, e repetia constantemente a prece:
"Anima Christi, santifica me!"

Não espanta, pois, que o Cardeal Tardini tenha vertido, profundamente enlevado, a impressão de estar
«diante de uma alma que é toda e só de Deus»!


PROFUNDAMENTE MARIANO

A propósito da recente Festa de Nossa Senhora do Rosário, importa recordar que Sua Santidade o Papa Pio XII foi um Santo Padre profundamente Mariano.

De resto, ele foi ordenado Bispo no mesmo dia em que a Virgem Maria visitava os Pastorinhos na Cova da Iria, a 13 de Maio de 1917.

E foi ele quem definiu o Dogma da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, em Corpo e Alma, a 1 de Novembro de 1950.

AQUELA ANGUSTIOSA NOITE

O Cardeal Tardini diz:
«Nunca esquecerei
aquela angustiosa noite, entre 8 e 9 de Outubro de 1958.
Estava eu ao pé de Pio XII moribundo.
O Santo Padre estava estendido no seu leito, arfante, imóvel, com os olhos cerrados, com um estertor que parecia por vezes sufocá-lo.
Era a agonia!

«Aos nossos amorosos chamamentos, às jaculatórias que lhe sugeríamos ao ouvido, às preces que fazíamos por ele, já não respondia.
Se, na verdade, naquela noite, ele ainda conservava um resto de consciência, estava completamente absorta em Deus aquela alma bendita.
Mas, exteriormente, nada disso se percebia».


PIO XII COMBATE A GUERRA

Diz-se que, às vezes, é preciso morrer para que se faça justiça.
O problema é que, não raramente, nem depois da morte tal justiça é feita.
Pio XII foi um dos maiores Santos Padres da História.
Um Homem de valor incomensurável, duma piedade robusta -- viveu praticamente em penitência constante --, e duma espiritualidade fora do comum.

Infelizmente, colaram-lhe um suposto colaboracionismo com Hitler, absurdo com que tentam macular a sua imagem.
Ele preocupou-se em defender os judeus, e chegou a ser ameaçado de detenção e rapto.
Vale a pena reler o que ele escreveu.
Morreu a rezar.
Gostávamos que houvesse alguma realização a assinalar a efeméride e a avivar a sua memória.
Paladino da paz, deu acolhimento a um grito da humanidade: «Guerra à guerra!».
Para Ele, «o maior dever é sempre o de fazer tudo para proscrever e desterrar, de uma vez para sempre, a guerra».


PIO XII COM AS VÍTIMAS DA GUERRA

Pio XII fez muito por Roma, no período da ocupação nazi, mas do qual raramente se sublinha aquele gesto de paternidade, de coragem, de misericórdia, para com as populações dos Castelos Romanos, que foi a abertura da residência pontifícia de Castel Gandolfo.
No início de 1944, a residência foi aberta para os fugitivos e para todos aqueles que precisavam de encontrar um refúgio.
Não era a primeira vez que o Santo Padre intervinha para afastar a guerra.

Já alguns anos antes, tinha feito tudo para evitar que a Itália entrasse na guerra, pelo que fora em pessoa (em Dezembro de 1939) ao Palácio Quirinal, falar com o Rei, para exprimir o sentimento de paz da população.
Infelizmente, as coisas evoluíram de maneira diferente.
O facto é que, depois de 8 de Setembro de 1943, para reagir à ocupação de Roma por parte dos alemães, à perseguição dos nossos irmãos judeus, à perseguição de todos os jovens que não queriam aderir à mobilização exigida pela República Social, desenvolveu-se em Roma um grandíssimo circuito de caridade.

Em cada Convento, em cada Mosteiro, as portas foram abertas e muita gente foi salva.
Além disso, foram muitos os esforços do Vaticano para que as pessoas não morressem de fome.
Ainda era costume rezar as antigas ladainhas.
Rezava-se para que se afastasse a peste, a fome e a guerra.

Até mesmo o risco duma peste era possível, dadas as condições, mas certamente a fome e a guerra eram uma realidade tangível.
Era uma guerra nova. Nova porque não era combatida só na frente de batalha, mas vivida em qualquer canto da Europa.


UM (grande) OPOSITOR DO NAZISMO

Numa carta dirigida aos senhores Bispos alemães, Sua Santidade o Papa Pio XII deixou bem clara a sua oposição ao nazismo:

«O que se vê? Vê-se o resultado do Estado reduzido a uma prática que não observa os mais sagrados ideais da humanidade, que derruba os princípios invioláveis da Fé cristã.
O mundo inteiro hoje contempla com perplexidade as ruínas que isto deixou atrás.
Estas ruínas vimo-las quando ainda estavam no futuro distante, e poucos, acreditamos, seguiram com maior ansiedade o processo conducente ao inevitável choque.

«Por mais de doze anos — doze dos melhores anos da nossa maturidade — vivemos entre o povo alemão, cumprindo os deveres de ofício a nós confiados.
Durante esse tempo, na atmosfera de liberdade que as condições políticas e sociais do tempo permitiam, trabalhámos pela consolidação da Igreja Católica na Alemanha.

«Tivemos, então, a ocasião de conhecer as grandes qualidade do povo e estivemos pessoalmente em contacto próximo com os seus homens mais representativos.
Por esta razão, acalentamos a esperança de que possa erguer-se a uma nova vida quando, finalmente, tiver enterrado o espectro satânico levantado pelo Nacional Socialismo, e os culpados (como já tivemos noutros tempos a ocasião de expor) tiverem expiado os crimes que cometeram.

«Enquanto ainda existia algum esfalecente brilho de esperança de que aquele movimento poderia tomar um outro e menos desastroso destino, quer pela desilusão dos seus membros mais moderados, quer pela efectiva oposição daquela parte do povo alemão que a ele se opunha, a Igreja fez todo o possível para estabelecer uma formidável barreira à propagação de ideias a um tempo subversivas e violentas».

Como é possível que alguém, como John Cornwell, possa, preconceituosamente, apodar Sua Santidade Pio XII como "Papa de Hitler"?!
É tempo de sabermos a verdade acerca de um Homem de Verdade!


EM CAUSA NÃO ESTÁ PIO XII,
MAS A VERDADE

O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, veio a público defender Pio XII, o Santo Padre que guiou a Igreja Católica durante a II Guerra Mundial, frisando que ele não foi de modo nenhum anti-semita, mas sim devidamente prudente.
O artigo surge após declarações do grão-rabino de Haifa (Israel), que – após ter sido o primeiro não-cristão a falar no Sínodo dos Bispos – manifestou a sua oposição à Beatificação de Pio XII.

Para o Secretário de Estado do Vaticano, se o Papa Pacelli (Pio XII)
«tivesse intervindo publicamente, teria colocado em perigo a vida de milhares de judeus que, a seu pedido, foram escondidos em 155 conventos e mosteiros da cidade de Roma».
O texto, agora tornado público, é o prefácio de um livro sobre a figura de Pio XII, durante a II Guerra Mundial, um estudo histórico de Mary Margaret Marchionne, publicado recentemente pela editora do Vaticano.

«É profundamente injusto estender um véu de opróbrio sobre a Obra de Pio XII, durante a Guerra, esquecendo não só o contexto histórico como também a sua imensa obra caritativa», defende o Cardeal Bertone.
O texto de D. Bertone cita uma circular da Secretaria de Estado, com data 25 de Outubro de 1943, com as iniciais de Pio XII, nas quais dava ordens às Instituições religiosas, todas da Igreja Católica, para salvar o maior número possível de judeus.

O Secretário de Estado do Vaticano lembrou que «muitas vezes, durante a II Guerra Mundial, o Governo fascista se encarregou de cortar a electricidade para que a Rádio Vaticano não pudesse transmitir» e a voz do Papa não pudesse ser escutada.
Em causa não está apenas Pio XII. Está também a verdade.


BENTO XVI EXALTA EXEMPLO DE PIO XII

Bento XVI convidou hoje a rezar «para que prossiga felizmente a Causa de Beatificação» de Pio XII, Papa que faleceu há 50 anos, no dia 9 de Outubro de 1958, destacando a sua acção durante a II Guerra Mundial.

Pio XII, assegurou o actual Papa, «agiu muitas vezes de forma secreta e silenciosa, porque, à luz das situações concretas daquele complexo momento histórico, ele intuía que só desta forma podia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus».
O Santo Padre admitiu que «o debate histórico sobre a figura do servo de Deus Pio XII, nem sempre sereno, falhou no que toca a dar relevo a todos os aspectos do seu poliédrico Pontificado».

Numa celebração que decorreu na Basílica de São Pedro, no Vaticano, Bento XVI recordou o seu predecessor Eugénio Pacelli o último Papa que nasceu em Roma, que guiou a Igreja
«numa época marcada pelos totalitarismos: o nazi, o fascista e o comunista soviético».
A todas estas situações Pio XII reagiu com condenações escritas, nas encíclicas
'Non abbiamo bisogno', 'Mit Brennender Sorge' e 'Divini Redemptoris'.
Estiveram presentes na celebração os Cardeais da Cúria Romana e os delegados dos episcopados católicos de todo o mundo, que participam no Sínodo dos Bispos.

Segundo Bento XVI, o Papa Pacelli percebeu desde o início
«o perigo constituído pela monstruosa ideologia nacional socialista (nazi), com as suas perniciosas raízes antisemitas e anticatólicas».
Sua Santidade lembrou os
«momentos mais duros» do Pontificado de Pio XII, que se iniciou «quando se adensavam na Europa e no resto do mundo as nuvens ameaçadoras de um novo conflito mundial, que ele procurou evitar de todas as formas».

Neste contexto, chamou a atenção para a «intensa Obra de Caridade que (Pio XII) promoveu em defesa dos perseguidos, sem distinção de religião, de etnia, de nacionalidade ou pertença política».
«Familiares e outras testemunhas referem as privações quanto a comida, aquecimento, vestuário e outras comodidades a que (Pio XII) se submeteu, para partilhar a condição das pessoas duramente provadas pelos bombardeamentos e as consequências da guerra»,
acrescentou Bento XVI.

Sua Santidade lembrou uma radiomensagem, no Natal de 1942, em que Pio XII
«deplorou a situação de centenas de milhares de pessoas, as quais, sem nenhuma culpa, são destinadas à morte por causa da sua nacionalidade ou raça».
Para Bento XVI, esta é uma
«clara referência à deportação e ao extermínio perpetrado contra os judeus».

Na sua homilia, Bento XVI citou os «numerosos e unânimes atestados de gratidão» dirigidos a Pio XII, no final da guerra e no momento da sua morte, destacando as que chegaram das mais altas autoridades do mundo judaico, como por exemplo de Golda Meir:
«Quando o martírio mais terrível se abateu sobre o nosso povo, durante os dez anos do terror nazi, a voz do Pontífice levantou-se em favor das vítimas».

Concluída a celebração, o Sumo Pontífice dirigiu-se para junto do túmulo de Pio XII, onde ficou durante breves minutos num momento de oração pessoal.




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# Textos extraídos

do blogue MANSIDÃO
por especial deferência.


fonte:Nova Evangelização Católica