P264. A Missa é somente a comemoração e a representação da cena do Calvário?
R. Não. A Missa é a renovação e a continuação do sacrifício da cruz repetido em nossos altares, de forma incruenta, além de também comemorar e representar a cena do Calvário.
R. Não. A Missa é a renovação e a continuação do sacrifício da cruz repetido em nossos altares, de forma incruenta, além de também comemorar e representar a cena do Calvário.
P265. O valor da Missa é infinito? Por que?
R. Sim, o valor da Missa é infinito porque nela se oferece o corpo e o sangue da segunda pessoa da Santíssima Trindade, Nosso Senhor Jesus Cristo, portanto do próprio Deus.
P266. Que diferença há entre a Missa e a imolação do Calvário?
R. A diferença está no modo de se oferecer. Assim, no Calvário, a imolação foi visível e cruenta; na Missa, a imolação é incruenta e sacramental. No Calvário, como canta a Igreja, "somente a divindade de Nosso Senhor estava velada aos sentidos, enquanto que na Missa está velada também a humanidade" (Adoro te devote, Hino do Santíssimo Sacramento).
P267. A Missa, portanto, é o mesmo sacrifício realizado na cruz?
R. Sim, por que em ambos temos o mesmo sacrificador, a mesma vítima – que é Nosso Senhor Jesus Cristo – e, portanto, a mesma imolação.
P268. Na Missa, o sacrificador, então, não é o sacerdote que a celebra?
R. Não. O sacrificador é Nosso Senhor Jesus Cristo, que fala e atua através do sacerdote. A Nosso Salvador, pontífice supremo, se une toda a Igreja universal, todos os fiéis, que se oferecem com Ele, pelas mãos do seu representante que é o bispo ou o sacerdote, ministros legítimos desta oblação.
P269. Por quem se oferece a Missa?
R. Oferece-se a Missa por Jesus Cristo, por toda a Igreja, pelo sacerdote que a celebra, e por todos os cristãos.
R. Os fiéis podem participar do oferecimento da Missa de diversos modos:
A – em ato, quando assistem e participam da sua celebração;
B – de modo mais precioso, quando, além de ser em ato, fazem oferecer a vítima, Jesus Cristo, por eles e em seu nome;
C – de modo habitual, todos os fiéis, pois que, unidos a Jesus pela caridade e à Igreja pela fé, formam um só corpo, membros recíprocos uns dos outros, participando de todos os benefícios do corpo inteiro.
A – em ato, quando assistem e participam da sua celebração;
B – de modo mais precioso, quando, além de ser em ato, fazem oferecer a vítima, Jesus Cristo, por eles e em seu nome;
C – de modo habitual, todos os fiéis, pois que, unidos a Jesus pela caridade e à Igreja pela fé, formam um só corpo, membros recíprocos uns dos outros, participando de todos os benefícios do corpo inteiro.
P270. Por que o sacrifício consumado no Calvário é o mesmo sacrifício realizado na Missa?
R. Porque o essencial do sacrifício do Calvário consiste na oblação que Jesus Cristo fez do seu corpo, que é a mesma oblação da Missa. Assim, tanto no altar como no Calvário, apresenta-se a mesma vítima, o corpo e o sangue de Nosso Salvador, sob as espécies de pão e vinho, para tornar sensível a presença dessa vítima. A imolação real é a mesma, ocorrendo em cada Missa, e em todas as Missas, sem multiplicar o sacrifício, como veremos.
P272. Que prova o Evangelho nos dá para nos mostrar que o essencial do sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo consiste na oblação que Ele fez do seu corpo?
R. O Evangelho nos mostra que Nosso Senhor quis instituir o sacrifício do seu corpo e do seu sangue na véspera da sua morte, após a Ceia, e não no mesmo instante em que morreu, para estabelecer claramente a verdade e a igualdade do mesmo sacrifício. Assim, Ele poderia tê-lo oferecido após a sua paixão, como em qualquer tempo antes da própria Ceia.
P273. Então a oblação do sacrifício de Nosso Senhor independe do tempo?
R. Sim, e ao reafirmar a oblação da cruz no dia seguinte após a morte de Cristo, ou um ou mil anos depois, até o último dia do mundo, se oferece absolutamente o mesmo sacrifício, e as Missas são atos da repetida oblação da única imolação única de Jesus Cristo.
P274. Para a unidade do sacrifício não é então necessária uma união física da imolação e da hóstia imolada?
R. Não. Pelas próprias palavras do Evangelho, basta a união moral entre a imolação e a hóstia imolada, uma referência moral, uma relação moral ao tempo da imolação. Assim, Nosso Senhor, na Ceia, oferece sua morte futura, no Calvário, sua morte presente, e no céu, e no altar, sua morte passada, pelo mesmo ato da mesma vontade de se oferecer: a oblação se multiplica por distintos atos, mas a imolação é só uma, como único é o sacrifício.
P275. Podemos encontrar a confirmação desse ensinamento em outros livros da Sagrada Escritura?
R. Sim, S. Paulo, por exemplo, defende e confirma esse ensinamento em diversas passagens. Assim declara este santo apóstolo:
1 – Hebreus 10:
a – que Jesus Cristo, desde sua vinda ao mundo, manifestou sua vontade de se oferecer a Deus Pai em holocausto;
b – que, com este único holocausto, revogou os sacrifícios antigos, para substituí-los com o seu ("aufert primum ut sequens statuat");
c – que, por esta única vontade, concebida desde a encarnação e fielmente cumprida até a sua morte na cruz, fomos santificados pela única oblação do seu corpo;
a – que Jesus Cristo, desde sua vinda ao mundo, manifestou sua vontade de se oferecer a Deus Pai em holocausto;
b – que, com este único holocausto, revogou os sacrifícios antigos, para substituí-los com o seu ("aufert primum ut sequens statuat");
c – que, por esta única vontade, concebida desde a encarnação e fielmente cumprida até a sua morte na cruz, fomos santificados pela única oblação do seu corpo;
2 – Hebreus 9 e 7:
a – que Nosso Senhor não se limitou em derramar seu sangue na cruz para a remissão dos nossos pecados (Heb 9), mas também que, na unidade do mesmo sacrifício, o recolheu e levou-o, não ao templo judeu, que não passava de um exemplo e uma figura, mas ao santo dos santos, ao céu, para apresentá-lo diante de Deus em nosso favor, como mediador e pontífice (Heb 7);
a – que Nosso Senhor não se limitou em derramar seu sangue na cruz para a remissão dos nossos pecados (Heb 9), mas também que, na unidade do mesmo sacrifício, o recolheu e levou-o, não ao templo judeu, que não passava de um exemplo e uma figura, mas ao santo dos santos, ao céu, para apresentá-lo diante de Deus em nosso favor, como mediador e pontífice (Heb 7);
P276. Que mais nos ensina S. Paulo naquelas epístolas?
R. S. Paulo nos ensina que Jesus Cristo é o mediador de uma aliança mais excelente que a antiga, em todos os aspectos, principalmente pela sua duração: imortal na natureza humana com que se revestiu e, fazendo-se sacerdote por toda a eternidade, seu sacerdócio é sem fim, pois, na terra, estabeleceu sacerdotes com sucessores, enquanto que, no céu, Ele intercede por nós.
R. S. Paulo nos ensina que Jesus Cristo é o mediador de uma aliança mais excelente que a antiga, em todos os aspectos, principalmente pela sua duração: imortal na natureza humana com que se revestiu e, fazendo-se sacerdote por toda a eternidade, seu sacerdócio é sem fim, pois, na terra, estabeleceu sacerdotes com sucessores, enquanto que, no céu, Ele intercede por nós.
P277. Como a Igreja manifesta esse ensinamento de S. Paulo?
R. A Igreja sempre celebrou o dia da Ascensão de Nosso Senhor ao céu, onde sem cessar Ele oferece ao seu Pai os ferimentos que sofreu por nossas iniquidades, e que, por meio desse contínuo oferecimento, nos alcança a entrada perpétua na aliança de sua paz.
P278. A oblação de Nosso Senhor foi sempre a mesma e única imolação?
R. Sim. O desejo da oblação de Nosso Senhor se manifesta desde a sua Encarnação, se constitui no Cenáculo, se executa na cruz, se perpetua no céu e, no entanto, só há uma única imolação de Jesus Cristo porque, como diz S. Paulo (Heb 9) este Deus salvador morreu somente uma vez para expiar os pecados de todos os homens e, agora, não morrerá mais, pois jamais a morte terá domínio sobre Ele, depois da vitória que Ele teve contra ela (Rom 6).
P279. Qual é, em resumo, o ensinamento de S. Paulo?
R. S. Paulo nos ensina que Jesus Cristo ofereceu, com um só desejo, desde a Encarnação até o Calvário, e por esse mesmo desejo oferece esse sacrifício único desde a cruz até o céu, onde renova, sem cessar, por meio de oblações mil vezes repetidas, sua imolação já consumada e cumprida. Assim, pelas palavras da consagração na Missa, Nosso Senhor se apresenta no altar, não só sob os símbolos da morte e num estado de imolação aparente, mas também como Ele se encontra, à direita de Deus Pai, sacerdote eterno, supremo pontífice e mediador da nossa aliança, e dom da nossa paz; sendo agora o mesmo que se apresenta na celebração da Missa, sempre vivo e intercedendo por nós, oferecendo suas chagas que salvaram o mundo, e perpetuando seu sacrifício sem interrupção.
P280. O que se constitui a verdadeira oblação da Missa?
R. A presença de Jesus Cristo, oferecendo sua morte se constitui na oblação verdadeira da sua imolação real e a rigorosa continuação do seu sacrifício na cruz; os atos de oblação são atuais, distintos e multiplicados; mas sempre é a oblação da mesma vítima do Calvário e a mesma imolação desta vítima.
P281. Seria possível explicar esse princípio com um exemplo?
R. Sim. Suponhamos que Deus tivesse querido estabelecer um sacrifício muito solene para a entrada e posse do seu povo na terra prometida, e que tivesse declarado que este sacrifício, único em sua classe, não fosse oferecido pelos filhos de Aarão em nome dos seus irmãos, mas por cada israelita de cada tribo e família; suponhamos ainda que a vítima fosse representada somente por um cordeiro e que esta imolação se renovaria por cada ato pessoal e individual. Suponhamos que Moisés, antes de dar posse das terras além do Jordão às tribos de Gad, de Ruben e à metade da tribo de Manasés, tivesse escolhido o cordeiro destinado ao sacrifício. As tribos cujas possessões estariam já definidas passariam diante do altar e, desfilando na sua ordem, apresentariam pelas mãos de cada indivíduo aquele cordeiro para ser imolado. Moisés, já próximo da sua morte, também o ofereceria, mas de forma mais solene. Josué, seu sucessor para conduzir o povo de Deus, imola o cordeiro deixando-o no altar banhado com seu sangue. As demais tribos de Israel, antes de passar o Jordão, desfilam diante do altar e cada indivíduo oferece o sangue derramado. Terminado o desfile e o oferecimento de todo o povo, levam o sangue do cordeiro ao tabernáculo para ser nele conservado. Depois os levitas o tiram todos os dias, e muitas vezes ao dia, para oferecê-lo a Deus em nome de todo o povo, e este rito se conserva por todas as gerações. Neste exemplo, poder-se-ia duvidar de que, apesar de terem sido multiplicadas as oblações e que duraram por tanto tempo, somente foi efetuado por todos um só e único sacrifício, e que sua continuação, enquanto subsistir o povo de Deus, não alteraria em nada a sua identidade e a sua unidade?
R. Sim. Suponhamos que Deus tivesse querido estabelecer um sacrifício muito solene para a entrada e posse do seu povo na terra prometida, e que tivesse declarado que este sacrifício, único em sua classe, não fosse oferecido pelos filhos de Aarão em nome dos seus irmãos, mas por cada israelita de cada tribo e família; suponhamos ainda que a vítima fosse representada somente por um cordeiro e que esta imolação se renovaria por cada ato pessoal e individual. Suponhamos que Moisés, antes de dar posse das terras além do Jordão às tribos de Gad, de Ruben e à metade da tribo de Manasés, tivesse escolhido o cordeiro destinado ao sacrifício. As tribos cujas possessões estariam já definidas passariam diante do altar e, desfilando na sua ordem, apresentariam pelas mãos de cada indivíduo aquele cordeiro para ser imolado. Moisés, já próximo da sua morte, também o ofereceria, mas de forma mais solene. Josué, seu sucessor para conduzir o povo de Deus, imola o cordeiro deixando-o no altar banhado com seu sangue. As demais tribos de Israel, antes de passar o Jordão, desfilam diante do altar e cada indivíduo oferece o sangue derramado. Terminado o desfile e o oferecimento de todo o povo, levam o sangue do cordeiro ao tabernáculo para ser nele conservado. Depois os levitas o tiram todos os dias, e muitas vezes ao dia, para oferecê-lo a Deus em nome de todo o povo, e este rito se conserva por todas as gerações. Neste exemplo, poder-se-ia duvidar de que, apesar de terem sido multiplicadas as oblações e que duraram por tanto tempo, somente foi efetuado por todos um só e único sacrifício, e que sua continuação, enquanto subsistir o povo de Deus, não alteraria em nada a sua identidade e a sua unidade?
Eis a imagem patente e o exemplo vivo do sacrifício da cruz que o Cenáculo viu antecipar-se e que continua na Missa até a consumação dos séculos: os justos que viveram antes de Jesus Cristo e que durante mais de 4.000 anos passaram diante do seu altar para oferecê-lo com sua fé; e após a consumação do sacrifício, todas as tribos da terra passam diante deste mesmo altar, oferecendo realmente o mesmo Jesus Cristo imolado, tornado presente pela instituição da autoridade divina o mesmo Deus do Calvário, com seu corpo que é oferecido, com seu sangue que é derramado sem cessar, para a remissão dos pecados.
A Missa é realmente, portanto, quer em relação ao sacerdote, à vítima e à imolação, o mesmo sacrifício da cruz; seu preço é, portanto, de valor infinito, como a morte do Salvador. Eis, dentre outras consequências, as que podemos tirar da prática deste sentimento católico que acabamos de expressar e de provar.
P282. Por que explicar tão detalhadamente este tema?
R. Porque, ainda que comumente se ouve dizer e repetir diariamente que a Missa é o mesmo sacrifício da cruz e que devemos assisti-la como diante da cena do Calvário, frequentemente acontece que não fixamos bem suas consequências nos nossos corações, visto seu entendimento não ter penetrado profundamente na nossa razão.
P283. Como podemos colocar em prática esse conhecimento mais aprofundado da Missa?
R. Uma vez entendido melhor esta elevada teologia de S. Paulo, vemos o profundo respeito, a viva confiança, a plenitude de fé e de amor que devemos ter diante dos altares, nas Igrejas, pensando se tivéssemos assistido a oblação da imolação do Calvário, como estaríamos unidos mais estreitamente a Nosso Senhor Jesus Cristo, como teríamos recolhido com o maior cuidado cada gota do seu sangue, como teríamos guardado cada batimento do seu coração, cada palavra da sua boca e diríamos mil vezes com fervor: "Lembrai-vos de mim, Senhor" -"Memento mei, Domine" (Lc 23), e com o coração cheio de dor e de arrependimento, repetiríamos o grito de fé e de reconhecimento: este homem é o verdadeiro Filho de Deus – "Vere Filius Dei erat iste" (Mt 27), e quereríamos ajudar a preparar os perfumes e a sepultura de Deus vítima e, principalmente, a desejar que os nossos corações lhe servissem de túmulo.
R. Uma vez entendido melhor esta elevada teologia de S. Paulo, vemos o profundo respeito, a viva confiança, a plenitude de fé e de amor que devemos ter diante dos altares, nas Igrejas, pensando se tivéssemos assistido a oblação da imolação do Calvário, como estaríamos unidos mais estreitamente a Nosso Senhor Jesus Cristo, como teríamos recolhido com o maior cuidado cada gota do seu sangue, como teríamos guardado cada batimento do seu coração, cada palavra da sua boca e diríamos mil vezes com fervor: "Lembrai-vos de mim, Senhor" -"Memento mei, Domine" (Lc 23), e com o coração cheio de dor e de arrependimento, repetiríamos o grito de fé e de reconhecimento: este homem é o verdadeiro Filho de Deus – "Vere Filius Dei erat iste" (Mt 27), e quereríamos ajudar a preparar os perfumes e a sepultura de Deus vítima e, principalmente, a desejar que os nossos corações lhe servissem de túmulo.
P284. Com que respeito, e disposição de alma, nós devemos assistir o santo sacrifício da Missa?
R. Se:
A - transportados em espírito como o apóstolo S. João (Apc 5) assistimos no sublime altar do céu, onde Nosso Senhor celebra e oferece sem cessar, por si mesmo e sem representante, e víssemos no trono de Deus este cordeiro em pé, imolado, abrindo o livro da liturgia eterna para nele ler o nome dos que aproveitam do seu sangue derramado, para fazer com que os homens se inscrevam naquelas páginas de vida, segundo as quais se concluirá no fim dos tempos a Missa definitiva e a despedida irrevogável;
B – ouvirmos ressoar no céu estas terríveis palavras: "As coisas santas são para os santos; a felicidade, a bem-aventurança e a benção, para os filhos de Deus; a Missa eterna para a inocência e para o arrependimento; ... nós nos prosternaríamos diante do cordeiro para a adoração com o coração arrependido e humilhado, e encheríamos os incensos de ouro com a mais pura oração.
P285. Que outros princípios devem alimentar nossa alma ao assistir a santa Missa?
R. Como a Missa continua na terra o mesmo sacrifício que continua no céu, e que a mesma vítima sobe de um altar ao outro levando consigo nossos desejos, e volta a descer carregada de bênçãos, ao assistir a Missa devemos animar nossa alma com os mesmos pensamentos que teríamos no céu.
P286. O valor da Missa é, pois, infinito?
R. O valor da Missa é infinito por se referir a Deus vítima, à suficiência do tesouro dos seus méritos que, oferecidos por Deus-sacerdote, serão sempre aceitos pelo Senhor, como dignos da sua majestade e da sua justiça; o valor da Missa é de valor finito quanto ao exercício do sacerdote secundário, que é um homem revestido de poderes divinos, e enquanto aplicação que o Senhor nos faz dos méritos do seu Filho, proporcionalmente à nossa fé, nossa penitência e nosso fervor.
P287. Quais são os frutos do sacrifício da Missa?
R. A Igreja nos ensina que a Missa opera por si mesma, e por sua virtude própria, o perdão dos pecados; mas o opera de uma forma mediata, ou seja, que pelo próprio ato do sacrifício, e sem nenhum meio ulterior, ela obtém, para o pecador, a graça de se converter e de receber, no sacramento da Penitência, a remissão das suas faltas.
Exemplificando: uma pessoa que pede a Deus a graça de mudar de vida e de se confessar, mas sem assistir ao sacrifício da Missa, poderá obtê-la somente em virtude do seu fervor e das suas instâncias, porém sempre terá dúvida se de fato a obteve.
Contudo, se ela assiste a santa Missa com aquela finalidade, é certo que receberá a graça pedida, de modo eficaz, desde que não oponham obstáculos a ela, independentemente das disposições de quem celebra e do fervor de quem assiste a celebração, entendendo-se o mesmo quanto às demais graças para a salvação.
P288. Se a Missa produz a graça e a aplicação dos méritos do sangue e da morte de Cristo, em que ela se diferencia dos sacramentos?
R. A diferença é que a Missa nos concede a graça de forma mediata, enquanto que os sacramentos nos dão a graça imediatamente; a Missa é uma via segura que conduz à vida, à graça, e os sacramentos são a própria vida, a própria graça, com toda a sua eficácia.
P289. Que podemos concluir desse conceito?
R. Podemos concluir que a assistência à Missa é uma excelente disposição para o perdão e a consequente justificação, considerando que a Missa é o tribunal de misericórdia de primeira instância, se é permitido assim falar, e dela se passa ao tribunal de reconciliação de último recurso.
P290. Haveria outra diferença entre a Missa e os sacramentos?
R. Sim. Há outra diferença mais favorável ao sacrifício: os sacramentos só aplicam o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo aos que são dignos dele, enquanto que a Missa o aplica ao justo e ao pecador, ao que merece e ao que nem é mesmo digno de recebê-lo. Isso porque os sacramentos só produzem seus efeitos para os vivos, enquanto que a Missa estende seus frutos de salvação aos vivos e aos mortos.
P291. Com que disposição esses princípios nos levam a assistência à Missa?
R. Consequentemente, devemos ir "com confiança ao trono da graça" (Heb 4) para alcançar a misericórdia e, naquele mesmo trono, encontrar os socorros necessários às nossas necessidades.
P292. Que outro ensinamento tiramos desses princípios?
R. Devemos compreender quão preciosa é a prática dos fiéis que fazem celebrar ou que assistem a Missa, sempre que precisam pedir alguma graça a Senhor, e como tão mais santo é o costume de assisti-la diariamente, para fortalecer-nos sem cessar com sua santa proteção.
P293. Qual a eficácia da Missa quanto às penas temporais devidas aos nossos pecados?
R. Quanto às penas temporais devidas aos pecados, depois de terem sido perdoados no sacramento da Penitência, a Missa as extingue imediatamente aos que estão em estado de graça, assim como aos justos do purgatório, cujas penas são eliminadas também imediatamente, se bem que eles não podem merecer mais, nem mesmo recorrer a outros meios.
R. Quanto às penas temporais devidas aos pecados, depois de terem sido perdoados no sacramento da Penitência, a Missa as extingue imediatamente aos que estão em estado de graça, assim como aos justos do purgatório, cujas penas são eliminadas também imediatamente, se bem que eles não podem merecer mais, nem mesmo recorrer a outros meios.
P294. A Missa redime sempre e imediatamente todas as almas do purgatório?
R. Não. A Igreja nos ensina que a redenção das almas do purgatório, por meio da aplicação dos frutos da Missa, se realiza conforme a vontade e os desígnios de Deus. A Igreja diz que a Missa ajuda a redimir as almas do purgatório, conforme estabelecido na seção 25 do Concílio de Trento. Assim os fiéis costumam oferecer frequentemente Missas aos defuntos. Além deste fruto eficaz do sacrifício, oferecemos também, como fruto secundário àquelas almas, as fervorosas disposições com que assistimos a ela.
P295. Que nos ensina S. Tomás sobre essa questão?
R. S. Tomás nos ensina que a santa oblação é aplicada a cada um proporcionalmente à sua devoção. Neste sentido a Missa opera segundo a santidade de quem oferece e de quem assiste a ela.
P296. Mas a Missa não é somente oferecida a Deus?
R. Sim, a Missa é oferecida somente a Deus, a quem se deve unicamente a adoração, o culto supremo e o reconhecimento total da nossa dependência, em proveito do sacerdote, dos fiéis e das almas do purgatório, isto é, rogando graças para essas fiéis pessoas.
P297. Por que, então, oferecemos a Missa para a Virgem, Missa para os defuntos?
R. Essas expressões são formas comuns que empregamos, para indicar que as orações e leituras que precedem o cânon são em memória dos santos ou dos fiéis defuntos. Embora o sacrifício só pode ser oferecido a Deus, nele se faz menção aos santos, pois a Missa é o sacrifício de toda a Igreja que Nosso Senhor o oferece como a cabeça do seu corpo místico, que é a própria Igreja.
R. Essas expressões são formas comuns que empregamos, para indicar que as orações e leituras que precedem o cânon são em memória dos santos ou dos fiéis defuntos. Embora o sacrifício só pode ser oferecido a Deus, nele se faz menção aos santos, pois a Missa é o sacrifício de toda a Igreja que Nosso Senhor o oferece como a cabeça do seu corpo místico, que é a própria Igreja.
P298. Por que a Igreja menciona o nome dos santos em certas passagens da Missa?
R. Porque a Igreja militante se une a Jesus Cristo para oferecê-la e, pelo mesmo motivo, se une à Igreja triunfante, inseparavelmente unida à sua cabeça.
P299. Por que a Igreja militante se une à Igreja triunfante?
R. Estas duas partes da sociedade dos filhos de Deus se unem para implorar, pelos méritos de Cristo, a divina misericórdia em favor da Igreja padecente, constituída pelas almas que sofrem no purgatório.
P300. A união da Igreja triunfante com a militante visa somente as almas do purgatório?
R. Não, pois esta lembrança dos santos no altar se faz também para felicitá-los pelas suas vitórias, para agradecer a Deus pelos seus
triunfos, para nos incentivar a imitar seus sacrifícios consumados, e para nos fortificar, como diz o cânon da Missa, através dos seus méritos e orações a Deus e Jesus Cristo, único mediador todo poderoso.
P301. Em resumo, a quem podemos oferecer a santa Missa?
R. A santa Missa se oferece a Deus, pelos vivos, justos ou pecadores, e, em geral, por todos os que professam a fé católica. (A Igreja não reza especificamente pelos cismáticos, hereges e pagãos, senão na Sexta-feira Santa). Oferecemo-la também para os mortos para que descansem em Jesus Cristo, e por todos os fiéis que padecem no purgatório.