VENERÁVEL Pio XII condena o liturgicismo quietista e naturalista “Sério perigo para a caridade e a unidade da Fé” – “Os preguiçosos são incitados à acção” –
À S. Santidade o Papa
Pio XII apresentamos, por motivo da publicação da Encíclica
Mediator Dei, as expressões de
nosso jubiloso reconhecimento e profunda obediência.
Nesta Encíclica, com
sua soberana e decisiva autoridade, o Santo Padre ensina a verdade a respeito de
numerosos assuntos controvertidos, e com isto, ao mesmo tempo que
esmaga o erro, restaura o ambiente propício à caridade.
Unidos todos os
verdadeiros fiéis, pelos laços da caridade sobrenatural, poderão colaborar
melhor do que nunca, sob a suprema direção do Santo Padre e a venerável
autoridade dos Bispos, para o advento do reino de Cristo, pelo reino de Maria:
UT ADVENIAT REGNUN CHRISTI, ADVENIAT REGNUN
MARIAE.
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VATICANO, 29 – Os
Serviços Oficiais de Divulgação da Santa Sé publicaram o seguinte resumo
autorizado da Encíclica papal Mediator
Dei.
A Encíclica Mediator Dei constitui o segundo capítulo da
obra iniciada em 1943, com a publicação da encíclica Mystici Corporis.
O atual documento trata
da santidade do culto interno e externo que está em íntima relação com a prática
da fé, com o exercício da virtude e com a verdadeira natureza do povo cristão.
Embora dirigida a toda a Igreja Católica, a Encíclica, por motivo de ordem
prática, refere-se quase que exclusivamente à liturgia da Igreja Latina, na qual
se esboçou, nos últimos anos, um movimento de fé, que produziu frutos
espirituais em número considerável. Mas precisamente porque se manifestou como
uma reação àqueles que acusam de inertes e negligentes, esse movimento nem
sempre se conservou dentro de seus justos limites, tendo provocado reações
principalmente por parte daqueles que são contrários a qualquer
novidade.
Evidentemente, isto
constitui sério perigo à caridade e à unidade da fé e é em virtude disso que o
documento pontifício faz um apelo aos preguiçosos e àqueles que temem qualquer
espécie de justo progresso, julgando ao mesmo tempo ser necessário freiar os imprudentes.
A presente Encíclica
pode, portanto, de certo modo, ser chamada a “Encíclica do Santo Equilíbrio do
Corpo Místico de Cristo”, levando-se em conta ainda outros motivos além daqueles
que já foram expostos. Na realidade, tanto no terreno político como no social,
vemos sempre manifestar-se na prática da religião uma tendência à criação de
oposições e conflitos, onde na verdade não existe
oposição ou conflito, mas, simples divergências de opiniões que podem e mesmo
devem ser harmonizadas num plano de unidade superior.
Após dar uma idéia das
diferentes oposições que se criaram artificialmente e
esclarecê-las, o Papa dá sua opinião autorizada sobre todas as questões
suscitadas nos últimos tempos no terreno especulativo e prático da santa
liturgia. Desse modo, considera-a importante, não só para salvaguardar a
santidade do culto e a pureza da fé, mas também para fazer aumentar a
intensidade da vida espiritual.
Foram desenvolvidas, em
particular, algumas questões de caráter prático, como canto moderno, o uso do
missal por parte dos fiéis, os meios mais apropriados para fazerem os fiéis
participarem da santa missa, o uso da língua latina, a cor dos ornamentos, as
imagens dos santos e finalmente a criação de uma comissão em cada diocese,
encarregada de assegurar a observação das normas litúrgicas.
Depois da introdução,
onde estão expostos os motivos que levaram o Papa a publicar um novo documento,
vem o desenvolvimento, dividido em quatro partes.
Na primeira, são
expostos o caráter, a origem e o desenvolvimento da liturgia. Os seus parágrafos
dão especial importância ao justo equilíbrio em Cristo àquilo que chama devoção
objetiva, à dignidade sacerdotal e ao respeito pela
antigüidade.
O objeto da segunda
parte é o culto da Eucaristia: trata da natureza do sacrifício eucarístico, da
maneira como é oferecido na Santa Missa. Trata, igualmente, da defesa enérgica
da adoração do Santíssimo Sacramento, tal como se desenvolveu no curso do
século.
A terceira parte
explica como os mistérios da Redenção se encontram presentes nos atos litúrgicos. Recomenda calorosa devoção à Santa Virgem e a
participação do povo nos atos solenes da liturgia
católica.
A quarta parte é
consagrada às exortações pastorais. Faz fervorosas recomendações de meditação,
de exame de consciência, de prática de exercícios espirituais, de participação
total nos sacramentos, de novenas em homenagem ao Sagrado Coração e à Santa
Virgem. Não é proibido disciplinar estes atos com regras litúrgicas; é necessário, porém, impregná-los do mais
absoluto espírito litúrgico.
O Papa retoma as
palavras contidas na encíclica Mystici Corporis a respeito da confissão e da devoção,
recomendando justa liberdade no caminho da vida espiritual, uma vez que as
veredas do Santo Espírito são múltiplas. O Papa aproveita-se da oportunidade
para pôr em particular relevo a prática dos exercícios espirituais, segundo o
método de Santo Inácio, em virtude deles terem demonstrado ser de uma maravilhosa
eficiência para a renovação do espírito apostólico e litúrgico. Em conseqüência, recomenda o desenvolvimento do
espírito litúrgico por meio de sermões, artigos,
reuniões e congressos. “É também necessário – diz o Papa – zelar atentamente
para impedir a infiltração dos erros difundidos em nossa época e, em particular,
do falso misticismo, do arqueologismo litúrgico exagerado, do quietismo e do
naturalismo”.
Finalmente, no epílogo,
que se propõe a estimular os fiéis a praticarem o bem e refrear os excessos, a
Encíclica recomenda calorosamente o espírito de fervor, prudência, submissão e
concórdia.
Este breve resumo basta
para mostrar o número e a importância do tesouro contido nesse novo documento,
que será certamente lido e estudado a fundo pelos círculos litúrgicos. A nova encíclica sacudirá os preguiçosos de sua
inércia, assim como os negligentes e reconfortará os fervorosos; conterá o
ímpeto dos audaciosos e iluminará a consciência de todos os
povos.fonte:http://www.pliniocorreadeoliveira.info