O cardeal D. Carlo Caffarra, arcebispo emérito de Bolonha (Itália), faleceu aos 79 anos de idade. Morreu em paz enquanto dormia. Funeral realizou-se hoje na catedral de Bolonha
D. Carlo Caffarra era doutorado em direito canónico e especializado em teologia moral. Em 1981, o Papa João Paulo II confiou-lhe a importante tarefa de fundar um instituto para estudos sobre o matrimónio e a família. Foi a ele que a Ir. Lúcia, vidente de Fátima, revelou uma importante profecia que – como o próprio admitiu – está agora a concretizar-se.
A união entre um homem e uma mulher, que se tornam uma só carne, é cooperação humana no ato criador de Deus.(D. Carlo Caffarra no Fórum da Vida, Roma, 19/05/2017)
Quase um ano depois da carta dos dubia e depois de uma segunda carta acompanhada de um pedido de audiência, metade dos seus signatários já faleceram e o Santo Padre ainda não respondeu.
Não se pode mudar a disciplina milenar da Igreja com uma nota de rodapé, e em um tom incerto. Caffarra faz referência ao “princípio de interpretação”, segundo a qual um ensinamento magisterial incerto deve ser interpretado em continuidade com o Magistério anterior
O arcebispo emérito de Bolonha, Itália, Cardeal Carlo Caffarra — um dos autores doLivro dos Cinco Cardeais e um forte defensor da doutrina católica tradicional sobre o casamento — concedeu uma entrevista ao site italiano La nuova bussola quotidiana. Em 25 de maio na entrevista, que aborda o casamento e a família, Cardeal Caffarra deixa claro que, mesmo que o Estado agora promulgue leis que permitam os chamados casamentos do mesmo sexo, isso “não pode mudar a realidade das coisas.” Ele diz que “prefeitos (especialmente os católicos) terão de fazer uma objeção de consciência” nesta matéria. Celebrar tal união, continua Caffarra, seria fazer-se parcialmente responsável por um tal “ato gravemente ilícito no plano moral”. O purpurado italiano vê atualmente em curso uma disjunção entre natureza e logos em relação ao casamento.
Quando perguntado se há também causas sobrenaturais para este novo desenvolvimento, o Cardeal Caffarra remete para a correspondência já conhecida e importante que ele teve com a Irmã Lúcia na década de 1980. Caffarra aponta que em 13 de maio 1981 — no mesmo dia em que o Papa João Paulo II sofreu o chocante atentado — Caffarra estava prestes a abrir o Instituto Pontifício João Paulo II para os Estudos sobre o Matrimônio e da Família. Ele descreve como, alguns anos mais tarde, escrevera para a Irmã Lúcia pedindo-lhe suas orações para o Instituto recém-fundado, e não esperava qualquer resposta. Caffarra continua: “Ela respondeu — deixe-me lembrá-lo de que estávamos no início dos anos 80 — e ela me disse que haverá um tempo do “conflito final” entre o Senhor e Satanás. E que o campo de batalha seria sobre a própria constituição do matrimônio e da família”. Irmã Lúcia, então, disse a Caffarra que “aqueles que vão lutar pelo casamento e pela família serão perseguidos” e que “não devem ter medo porque a Santíssima Virgem já esmagou a cabeça da serpente infernal”.
Caffarra explica que esta luta entre Deus e Satanás diz respeito à redefinição do casamento, como segue: “E Satanás disse a Deus: ‘Veja, esta é a sua criação. Mas eu vou te mostrar que posso construir uma criação alternativa. E você verá que as pessoas dirão que é melhor assim.”
Cabe à Igreja, de acordo com Caffarra, ensinar novamente a plenitude da beleza do matrimônio sacramental que torna um em dois e dá aos esposos a graça da caridade conjugal, a fim de ter filhos e educá-los. A Igreja “tem de curar a incapacidade de amar dos homens e das mulheres”, acrescenta Caffarra.
No que diz respeito à exortação papal, Amoris Laetitia, o Cardeal Caffarra recorda que o seu “Capítulo 8 é, objetivamente, dúbio”, pois causa “conflitos de interpretações até mesmo entre os bispos”. Nesse caso, continua o prelado italiano, a pessoa tem que se orientar pela continuidade do Magistério do passado a fim de receber clareza. “Em matéria de doutrina e moral, o Magistério não pode contradizer a si mesmo”, afirma Caffarra. No que diz respeito à questão dos divorciados “recasados” e seu acesso a Santa Comunhão, o cardeal deixa claro que isso não pode ser alterado e que estes casais ainda não estão autorizados a receber a Sagrada Comunhão. Ele se refere aqui ao Magistério anterior da Igreja e continua: “Agora, se o papa pretendeu mudar esse ensinamento — que é muito claro — ele teria o dever, na verdade o grave dever, de dizê-lo, então, clara e explicitamente. Não se pode mudar a disciplina milenar da Igreja com uma nota de rodapé, e em um tom incerto. “Caffarra, em seguida, aqui faz referência ao “princípio de interpretação”, segundo o qual um ensinamento magisterial incerto deve ser interpretado em continuidade com o Magistério anterior.”