Ao apresentar ontem aos peregrinos a figura de São João Maria Vianney, Bento XVI destacou que o santo é mais que um simples exemplo da espiritualidade devocional do século XIX. Seu testemunho reveste-se de força profética, “que marca sua personalidade humana e sacerdotal de uma altíssima atualidade”.
O Papa explicou na audiência geral em Castel Gandolfo que, na França pós-revolucionária, período da atividade apostólica do Cura d’Ars, vivia-se “uma espécie de ‘ditadura do racionalismo’, empenhada em apagar a presença dos padres e da Igreja na sociedade”.
A “singular e fecunda criatividade pastoral” do Cura d’Ars estava pronta para demonstrar que o racionalismo, então imperante, estava na realidade “distante de satisfazer as necessidades autênticas do homem”.
Bento XVI assinalou que, após 150 anos da morte do santo francês, “os desafios da sociedade moderna não são menos exigentes, talvez até se tornaram mais complexos”.
“Se naquele tempo havia a ‘ditadura do racionalismo’, hoje se registra em muitos ambientes uma espécie de ‘ditadura do relativismo’”, disse.
Segundo o Papa, ambas “lançam respostas inadequadas à justa procura do homem por usar de modo pleno a razão como elemento distintivo e constitutivo da própria identidade”.
“O racionalismo foi inadequado porque não levou em conta os limites humanos e aspirou a elevar apenas à razão a mistura de todas as coisas, transformando-as em uma ideia.”
Já o relativismo contemporâneo “mortifica a razão, porque de fato chega a afirmar que o ser humano não pode conhecer nada com certeza além do campo científico positivo”.
“Hoje, como então, o homem, mendicante de significado e completude, sai em contínua busca das respostas exaustivas às questões de fundo que não cessam de se colocar”, disse o pontífice.
Diante desta “sede de verdade que arde no coração humano”, Bento XVI indicou que os sacerdotes busquem formar “genuínas comunidades cristãs”, capazes de abrir “a todos o caminho para Cristo”.
“O ensinamento que a este propósito continua a transmitir o Santo Cura d’Ars é que, na base de tal empenho pastoral, o sacerdote deve cultivar uma íntima união pessoal com Cristo, fazendo-a crescer dia após dia”, disse.
FONTE:ZENIT