Sem necessidade de esperar que passem cinco anos após seu falecimento
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI estabeleceu que pode começar o processo de canonização da Irmã Lúcia dos Santos, uma dos três pastorinhos videntes de Fátima, sem necessidade de esperar os cinco anos depois da morte que o processo canônico estabelece.
A notícia foi anunciada na tarde desta quarta-feira, na catedral de Coimbra, Portugal, pelo cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, no final de uma missa celebrada no 3º aniversário da morte da Irmã Lúcia.
Trata-se da mesma disposição que João Paulo II tomou para começar o processo de beatificação da Madre Teresa de Calcutá ou que Bento XVI adotou para começar a causa de Karol Wojtyla.
Esta decisão não implica nenhuma concessão no que se refere ao processo de beatificação como tal, que seguirá o curso ordinário, a não ser que o Papa dê uma nova disposição.
Segundo confirma um comunicado de imprensa da Santa Sé, «Bento XVI, acolhendo benevolamente o pedido apresentado pelo bispo de Coimbra, Dom Albino Mamede Cleto, e compartilhada por numerosos bispos e fiéis de todas as partes do mundo, derrogou os cinco anos de espera estabelecidos pelas normas canônicas (cf. artigo 9 das Normae servandae), e dispôs que possa começar-se, apenas três anos depois da morte, a fase diocesana da causa de beatificação da carmelita».
Lúcia de Jesus dos Santos tinha dez anos quando declarou ter visto pela primeira vez, em 13 de maio de 1917, uma senhora que depois identificou como Nossa Senhora, na Gruta de Iria, junto a seus primos Francisco e Jacinta Marto, beatificados por João Paulo II no aniversário das aparições do ano 2000, em Fátima.
Em 13 de outubro de 1930, o então Bispo de Leiria, Dom José Alves Correira da Silva, em uma carta pastoral, declarou dignas de fé as aparições de Fátima e admitiu o culto público. Desde então, o santuário se converteu em um centro de espiritualidade e peregrinação de alcance internacional.
Nascida em 1907, em Aljustrel, a Irmã Lucia se mudou em 1921 para Oporto, e aos 14 anos foi admitida como aluna interna no Colégio das Religiosas Dorotéias, em Vilar, nos arredores da cidade.
Em 24 de outubro de 1925, entrou no Instituto de Santa Dorotéia e ao mesmo tempo foi admitida como postulante no convento que a mesma congregação tem em Tuy, Galícia, Espanha, perto da fronteira portuguesa. Em 3 de outubro de 1928, pronunciou seus primeiros votos. Em 3 de outubro de 1934, emitiu os votos perpétuos e recebeu o nome de Irmã Maria da Dolorosa.
Em 1946, voltou a Portugal e, dois anos mais tarde, entrou no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde, em 31 de maio de 1949, professou como Carmelita Descalça, assumindo o nome de Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.
Escreveu dois livros, um chamado «Memórias» e outro «Chamado da Mensagem de Fátima». Em seus escritos, ela conta como Nossa Senhora e o Menino Jesus apareceram outras vezes nos anos posteriores ao acontecimento de Fátima. Faleceu aos 97 anos, no convento de Coimbra.